Bom dia (com muita exclamação)

Há pessoas que gostam de dizer Bom Dia. Nota-se pela forma entusiástica, para mim estridente, com que pronunciam aquelas duas palavras. Há pessoas que até vão mais longe, e enquanto as proclamam, abanam um dos braços com vigor, num cumprimento generalizado. Essas pessoas, que gostam de dizer esses bons dias sonoros, provavelmente também gostam de dar as boas tardes e as boas noites da mesma forma. Provavelmente também se despedem com igual efusividade e um audível Adeus!!!!!! (seguido de vários pontos de exclamação para acentuar bem). Essas pessoas que começam assim tão bem o dia metem-me medo (para lá do óbvio, que é fazer-me muita confusão). Pensava que tinha a ver com o meu ritmo ser diametralmente oposto ao destas pessoas, ao meu bom dia ser sumido, isto quando não é substituído por um grunhido entre-dentes quase inaudível. Mas não.
Um dia destes acordei às 7h30 da manhã (madrugada, portanto) e comecei a tratar de vida (aviso os mais incautos que nunca me passaria pela cabeça acordar a essas horas vergonhosas só para fazer um teste, foi sim porque tinha de ir deixar o carro na oficina). Sendo que entro às 9:30 da manhã, e entre a hora de acordar e a hora de começar a trabalhar passaram duas, onde tive de passar por todo o cerimonial matinal, tive de conduzir, falar de forma inteligível com o senhor da oficina, tomar o pequeno-almoço, apanhar um autocarro, andar um bocadinho a pé e, ao chegar ao meu local de trabalho pontualmente, vi-me espantada com a minha imensa genica e boa disposição (tendo sido mesmo capaz de dizer bom dia umas três vezes a alto e bom som). Mas, quando confrontada com a chegada de um colega meu, que gesticula o seu braço e nos presenteia com um feliz e genuíno bom dia, concluí, que mesmo eu estando completamente desperta e de bom-humor matinal, que aquilo é too much for me. Tooooo much!

[de manhã, menos meus amigos... muito menos.]