18.6.10

Meu filho,


A maior tristeza é aquela que é camuflada. Atrás de sorrisos podem estar anos de choro, centenas de litros de baldes de lágrimas. Tantas que não poderemos nunca contar. Não poderemos nunca saber. São as caras dos tristes que são assim. Bem camufladas. Olhamos olhamos e não nos apercebemos de nada. E depois um dia andamos distraídos e vemos uma tristeza camuflada à nossa frente. Pela primeira vez vemos mesmo. E não fazemos nada. Como pegar numa tristeza triste e fazê-la desaparecer? Como soltar todos os litros de todos os baldes de água de todas as caras camufladas? Talvez com toques de mágica, mas essa não funciona em rostos destes. O que é muito triste. Talvez de repente, como com os soluços, mas isso não garante que não volte, tal como os soluços. Há quem experimente antibióticos ou comprimidos que fazem rir. Mas a tristeza triste vem de um balde tão grande de lágrimas que eram precisos milhares de milhões de anos para conseguir secá-los. E eu não quero isso. Não quero isso para mim. Podes ajudar-me a ser menos triste?

1 comentário:

Luísa Santos disse...

os baldes de tristeza esvaziam-se, como todos os baldes. uma boa técnica - comprovada - é enchê-los mais (mas com sorrisos e alegrias, novinhas em folha) até que saia tudo pela borda fora. e depois voltas a encher com momentos de alegria. porque a vida é um conjunto de muitos momentos. uns alegres, uns tristes. os alegres, alimentam-se. os tristes... os tristes não se ignoram, fazem parte do nosso percurso e talvez essenciais ao nosso crescimento. mas não se alimentam. olham-se de frente, não se repetem. pelo menos, não os mesmos. e continuamos a caminhar, por todos os momentos, bons e menos bons até que os bons invadam todo o espaço.