31.3.11

Porque aqui posso tudo:




FOOOOOOODAAAA-SEEEE!!!


[dizem os psicólogos que dizer palavrões, 
excepcionalmemte, faz bem à alma e liberta a raiva que há em nós.]

Tenho as lágrimas secas 
e o coração duro.

25.3.11


Se queres ser feliz, nunca te compares a ninguém,
nunca penses que não és capaz, 
e nunca desistas se acreditas mesmo, 
mesmo que sejas o único a acreditar.
Se queres ser feliz faz, 
mesmo que seja igual ao que outros já fizeram. 
Faz, se o processo te deixar feliz.


[parecem frases clichés, é verdade, mas são conclusões a que eu cheguei. 
Ou seja, percebi-as verdadeira e interiormente. 
Independentemente de ter passado anos da minha vida a ouvir pessoas 
a dizê-las ou a escrevê-las por outras palavras. Estas conclusões, agora, são minhas.]

Todos os nossos actos têm consequências.
Mesmo os não actos.

Resta saber se, quando agimos,
conseguimos ter a percepção de que mais tarde,
vamos ter a capacidade de remendar 
o que fizemos ou o que não fizemos.

18.3.11

poema sem nome






Agrafei-me ao céu
para que não te falte
a alma em rotundas vazias.
Que não te falte o pé
no caminho pedrado dos dias.
Que não te chovam lágrimas,
na pequena nódoa da tristeza.
Bocados estilhaçados
de quem não foi à guerra
e tem mãos de tremor.
Não te deixes morrer,
meu amor.
Que eu agrafei-me ao céu
por ti. 


"Eu digo que ninguém se perdoa no tempo.
Que a loucura tem espinhos como uma garganta."


[Herberto Helder, Poemacto II]

17.3.11



Porque eu sou uma vida com furibunda melancolia,
com furibunda concepção.
Com alguma ironia furibunda.
 


 
[Herberto Helder, Poemacto II]
 

?


Descobri hoje na sessão com o psicólogo, que desilusão não significa desamor. Ou seja, um sentimento não tem de incluir o outro obrigatoriamente.  E para mim estavam sempre interligados. Mas não.
Ora, posto isto, e considerando que é verdade, a questão que se coloca é, será que eu ainda gosto do que faço? Será que eu afinal ainda gosto da minha profissão, mas estou tão tão tão desiludida, que comecei a acreditar que a desamava?

Pois. Não sei.
Have to think about it.

16.3.11

Como correu o meu dia hoje?




 

Baralhar

Era uma pessoa complicada que gostava de coisas simples. Gostava de leite frio. Café sem açúcar. Maçãs, Laranjas e Bananas. Só. Iogurtes naturais. Meses com 30 dias. Nem um a mais. Dias regidos por horas, regidas por minutos fluidos. Gostava de textos escritos a arial corpo 12. De gelados de nata sem mais nada. De telefonar e não ouvir ninguém do lado de lá. Escrever a preto, desenhar a lápis. Palavras pequenas e simples. Traços direitos e conclusivos.
Não rasgava o papel que deitava fora. Dobrava-o em quatro e punha-o no lixo.
Apanhava folhas e guardava-as. Das árvores e dos cafés. Secava-as e lia-lhes os veios, as linhas da idade. Guardava-as e sentia-as. Dobrava-as em quatro e punha-as no lixo. Parava no caminho para as recolher. Sempre o mesmo. Da casa à esplanada, onde se sentava. No lugar que lhe estava guardado. Gostava de pessoas simples, que falavam sem gritar, sem gesticular. Que falavam devagar e acompanhavam a língua com o olhar.
Torrada com manteiga. Copo de leite frio. Café sem açúcar. Aguardava. Obrigada.
Na cadeira, na esplanada, no jardim, na rua, perto de casa, arrumava a simplicidade a cada passo, em cada gesto. Entre um e outro, o seu mundo complicou-se. Baralhou o gesto e escreveu a lápis, desenhou a caneta preta, deitou o café no copo de leite frio, rasgou as folhas erradas do caderno e soltou as folhas que tinha a secar. Baralhou o gesto quando ouviu aquela mulher com as mãos a gritar, e os olhos a dizer muito mais do que falar.



Margaridas


Queimava o céu com descuido, em longas largadas de pulmões sujos. Tossia e repetia.
O lápis trémulo na mão segurava-lhe as ideias entre a alma e o papel. Arrumava-as à medida que espalhava as nuvens cinzentas pelo céu.
Punho firme, um traço ao alto, outro traço ao baixo. Traço ao alto, traço ao baixo. Um rectângulo. Um prédio. Pilhas de lares. Círculos. Círculos grandes e pequenos, muitos. São as árvores a enfeitar, porque uma cidade precisava de adornos. Pegava nos guaches e sentia o prédio a ganhar vida e as folhas das árvores a abanar. Um pouco de vento e estava quase.
Segurou a folha para ver a contra luz. Faltava só um pouco de brilho e assinar. 
Augusto, Julho de 2006.
Levantou-se da cadeira, apoiado na mesa e começou a andar para dentro de casa. Procurava o casaco, mas não se lembrava onde o deixara. Com as mãos, tacteava o sofá, o cadeirão, o cabide e encontra-o arrumado no seu lugar. Veste-o, confirma se tem a carteira no bolso, pega na sua bengala e sai. A corrente de ar, bate a porta com força. Dá a volta à chave e começa devagar a descer os degraus do prédio antigo onde mora. Todos estes passos eram exercícios de visualização. Talvez por treinar tanto, até já conseguia ver as baratas a subir as escadas e os canos, por fora das paredes.
Vai sozinho dar o seu passeio matinal. Tira os cigarros e acende um bafo, para o ajudar a caminhar pela calçada do velho bairro de Lisboa, onde é conhecido como Fortes.
Enquanto olhava para ver se ainda está tudo na mesma, a bengala avisa-o que não. Andavam novamente a esburacar a rua. O que seria desta vez?
Vai até ao café do grupo e pede um curto escaldado. No vagar de quem tem tempo, senta-se, acende outro e pergunta o que andam a fazer.
- São os tipos da câmara que andam pr’aí... parece que é por causa da água.
- é... também me disseram isso Sr. Fortes, mas aquilo não vai demorar. Não se preocupe, que não vai atrapalhar os seus passeios.
- Não é pelos meus passeios... era para saber se seria preciso pintar uma fonte no seu lugar.
Sai do café e continua a andar de cigarro na boca, a bafejar o ar. Pára na mercearia para comprar leite e pão. O que lhe valia era a modernidade ainda não ter chegado ao bairro, e tudo estar exactamente nos mesmos sítios de quando foi para lá morar. De pão, leite e bengala na mão já era mais complicado acender o cigarro. Mas insiste, insiste e está nesta insistência quando a Dona Deolinda, do cabeleireiro, passa nesse embaraço e lhe diz,
- Deixe lá isso Sr. Fortes! Esse tabaco ainda o vai matar.
- Se me matar, eu pinto um caixão bonito para me enterrar.
Para o fim do passeio ficavam sempre as flores. Para irem mais frescas e à sua Rosário agradar, pensava. Levado pelos diferentes cheiros, não havia dúvida, era ali mesmo.
- Bom dia... queria...
- ... um ramo de margaridas brancas, como habitual, não é Sr. Fortes? Tem de ir pensando noutras flores, porque no Inverno estas não dão.
- Nessa altura eu pinto-as, respondeu.
Pagou, agradeceu e saiu.
Chega a casa pelo caminho inverso, pousa as compras na cozinha e arruma o leite no frigorífico. Fecha o saco do pão com um nó forte.
Coloca as margaridas na jarra preferida de Rosário e deixa-as junto das suas cinzas. Senta-se na varanda, pega no lápis trémulo e imagina a fonte que ficaria bem na rua do bairro. Primeiro os traços grossos do lápis, depois os pormenores e por fim as cores.
De seguida pinta margaridas. Muitos jarros de margaridas. Muitos. Muitos. Muitos.
A florista tinha razão e ele não podia deixar que a sua querida ficasse sem flores, um dia. Pintou margaridas até anoitecer.
Três dias depois, à hora habitual do seu passeio, é levado em braços para o Alto de S. João, num bonito caixão de madeira. Não tão bonito como aquele que ia pintar, se tivesse tido tempo.
No bairro nasceu uma fonte, e da varanda da casa onde Augusto se sentava, ainda hoje caiem margaridas até ao chão.






®Texto registado na Inspecção Geral das Actividades Culturais, pelo que qualquer reprodução dos mesmos requer uma autorização prévia por parte da autora. O uso indevido ou para efeitos comerciais de textos ou imagens da autora poderá dar origem a processo judicial. 

12.3.11

109 seguidores e 909 mensagens?

Não acho isto equilibrado.
Tenho a dizer-vos.

5.3.11

Desiderium


Falta-me o ar

e a compostura fica comprometida
entre um corpete rubor
e os laços desta teia
que nos liga.

Passas de lá para cá
e eu fico não sei onde
entre esta leveza sem corpo
e este corpo tão quente.

Sai a minha alma entre apertos,
grita a tua.
E tudo o que ouvimos são gemidos.
Somos nós.

Um desalento que nos toma.
Perdemos tudo.
E o tempo.
 
Falta-me o ar
e a compostura fica comprometida
entre um corpete rubor
e os traços desta tela
que nos pinta

Passas de lá para cá
e eu fico sem saber onde
entre esta leveza sem corpo
e este corpo sem mente.

Sai a minha alma entre apertos,
grita a tua.
E tudo o que ouvimos.

Dormir sobre o assunto



2.3.11

"As pedras rolam 
para onde as empurrares."


E o quanto me tiram do sério gente certinha e picuinha, hãn?!


Numa escala de zero a dez, vá, quanto?

1.3.11

Não sei o que é pior no meu trabalho


Se ouvir os gritos do boss do lado esquerdo
se ouvir rádio comercial aos gritos do lado direito. 



Depois não querem que uma pessoa seja bipolar emocional!


[ou então é colocar os phones aos gritos a ouvir o que se segue e imaginar 
que se está a erradicar do mundo as musiquinhas irritantes de 
Ladys Gagas, Shakiras, Norah Jones, Rihannas e afins.]