12.12.10

Custa-me





 
Custa-me. Cada esquina de rua que vejo ocupada. Custa-me tanta comoção aqui contida. Custa-me cada viela a escorrer. Sem lágrimas de dor e de sangue. Custa-me ver. Custa-me não fazer nada. Custa-me cada vez que me estendem a mão. Custa-me ver a indiferença alheia, de mãos nos bolsos, camisola Burberys, a dois passos sem conseguir estender um tostão na outra direcção. Custa-me o crescente desamparo que parece crescer na medida que crescem as esquinas habitadas. Cada vez vejo mais  pessoas a passar cheias de desapego, de desemoção, de deixa-me em paz. Custa-me os prefixos que arrastamos pelos outros. Não fico aqui a ver isto. Não. Custa-me. E ter esta comoção faz de mim mais um sentado, num beco escuro, a mirar a desilusão.

Fade away
Blotto daylight
Latency

Holding on
Got potential
Wait and see

Irritation
Expectation

Bridge to break
Still time to make it
Rile me up
And you make me wait
Bridge to break
Still time to make,
Got time to make it

Cold love,
You loosen my alignments,
Oh I
Lie when I say I won’t go down

Can’t get enough
Of your commotion
Oh I
Measure my length along the ground
The ground
The ground
The ground

Cool, quiet provocateur
Killing time,
Stirring it up

Hooligan
Quite inciting
Skin you’re in

But you
But you
But you
Can’t nick the nick
Can’t nick the nick

You rile me up
And you make me wait
Rile me up
And you make me wait
Wait, wait, wait, wait.
Got time to make it

Cold love,
You loosen my alignments,
Oh I
Lie when I say I won’t go down

Can’t get
Enough of your commotion
Oh I
Measure my length along the ground
The ground
The ground.

She wants it strange in love
She goes, uptight on her head
And comes down hard again
She goes, uptight on her head
And comes down hard again
Hard again.
She wants it strange in love
She goes, uptight on her head
And comes down hard again
She goes, uptight on her head
And comes down hard again
Hard again,

Cold love,
You loosen my alignments,
Oh I
Lie when I say I won’t go down

Can’t get enough
Of your commotion
Oh I
Measure my length along the ground
The ground
The ground
The ground

10.12.10

8.12.10

Cela 211 é do caraças!!



Filme fabuloso! Um pouco duro, mas muito muito bom!
Grande argumento, grandes actores.

7.12.10

Eu não sou muito dada a listas de Natal, nem a pedir coisas...

... mas depois de trabalhar 27 horas seguidas, ter tido uma apresentação, que o cliente elogiou diversas vezes, de um mega projecto importantíssimo para a empresa, na qual estou há apenas 2 meses e sem receber ordenado, isto tudo com febre e dores tremendas de garganta, acho que mereço toda a Vila Rodeo e a 5th Avenue!!




!

6.12.10

Vamos lá a ver se conseguimos ser 100 antes do fim-do-ano, está bem?

[se lerem isto com a cadência certa, vão perceber que rima. Sou uma pessoa muito dada à estética fonética, que fazer...]

Porque nem tudo se pode dizer no facebook II:


Se eu mandasse alguma coisa, sabem como é que eu resolvia a crise? Aumentava os ordenados das mulheres do país todo. E porquê? Mulheres com mais dinheiro, mais consumo, logo mais felicidade e mais circulação de moeda, menos zangas, menos divórcios, mais romantismo, mais consumo, menos zangas, mais felicidade, mais romantismo, logo mais crianças... Conclusão: mais progressão para o país.

3.12.10

Porque nem tudo se pode dizer no facebook:

"Podes tirar a pessoa da aldeia, mas não tiras a aldeia da pessoa."

"Incomodam-me os fantasmas do facebook, e são mais que muitos."

26.11.10

Quem paracuca assim não é de vista curta:

"(...) Depois é esta treta do orçamento de estado. Ora vamos lá a ver, eu, burra que nem um calhau com olhos, entendo menos do que zero de macro economia. Não sei, nem quero saber, como é que se governa um país. Agora não aceito a culpa que me querem emprestar. Ah e tal temos todos que fazer um sacrifício porque há meia dúzia de anormais que esgotaram a receita. Vamos lá viver todos um bocado pior porque estes gajos têm às costas um milhão e cem mil derrapagens orçamentais mais uma má gestão de trinta anos de governação centrista. Ai que agora vou eu pagar o caracinhas dos submarinos que serviram para enriquecer não sei quem que vai continuar em liberdade. Ora ide todos à merda. A culpa não é minha. Não quero pagar. Recuso esse ónus. Tenho outros no currículo e na consciência mas desse juro que sou inocente. Quero pagar sim mas se os culpados forem presos. É esta a minha condição.
Posto isto, resta-me ir ali ao lado bater com a cabeça na parede."
 
 
[texto da autoria de Paracuca]

19.11.10

Se os ses não fossem daqui.


Se eu fosse de outro país, de outra cidade, de outra origem, seria tanta coisa. Se eu fosse, seria outra. Se nascesse noutro ambiente, com outros pais seria quem, como e porquê? Estaria aqui porque este era mesmo o meu caminho, ou no outro lado do mundo a fazer o que a outra metade da minha alma me pede para fazer. Não pode ser. Não pode ser só isto. Isto é pouco demais para ser só isto. Desepero na esperança de ver que não pode, que vai acontecer uma vida fabulosa pela minha frente. Daquelas vidas que fazem história, que marcam os outros, uma geração. Não sei que talentos ainda escondo, que coisas posso revelar os outros, mas urge a descoberta, a fusão do eu que nasceu aqui  com o eu que se sente puxado pela outra cidade, pelo outro espaço, que sabe que poderia ter sido muito mais se lhe tivessem dado ao menos essa oportunidade para ser. Ao nascer.

14.11.10

Coisas pirosinhas e queridinhas, mas que eu gosto, nem sei porquê





[gettyimages®]

As minhas pessoas


As minhas pessoas são poucas e no entanto são tantas. As minhas pessoas por vezes estão loucas, tontas, tristes e noutras estão calmas, certas, justas e sanas. As minhas pessoas são diversas, são por vezes a minha razão, a minha orientação, a minha outra perspectiva, o meu auto-conhecimento, o meu espelho. São o meu colo, o meu ouvido, o meu coração. As minhas pessoas são tudo, porque conseguem ser tantas, sendo tão poucas. Porque não são minhas, sendo, porque não sou delas, querendo ser.  São pessoas como eu, que choram também, e anseiam e entristecem-se. Que têm falhas e erram e gritam e dizem palavrões. Que desesperam, que se perdem, que não se esquecem. Que magoam, que custam, que doem, mas que perdoam, que pagam e que curam. 
Essas são as minhas, as que escolhi, ou não. As que tenho e que quero manter. Cada uma tem um nome, uma cara e um lugar. Um lugar onde pouca gente consegue entrar, mas onde estas pessoas, mais do que conseguirem entrar conseguiram ficar.


[às amigas]

11.11.10

Do trabalho



Estou no processo de digestão da minha não viagem a Londres. Uma viagem que demorei a decidir fazer, que quando decidi comprei bilhete com um tempo de dois meses ainda de espera, mas que ansiei a cada dia que passou. E foram passando e aproximando e eu sem saber se sempre ia ou não. Estou profundamente arrependida e a tentar lidar com a minha decisão de ter cancelado uma viagem que tanto desejava, que tanto precisava, por causa de trabalho. Para já não falar do dinheiro que perdi. E isto leva-me a pensar em todo os jantares que faltei, às saídas de amigas que não consegui ir, aos cinemas desmarcados, aos cafés no Chiado eternamente adiados, aos concertos falhados, às férias adiadas, aos fins-de-semana estragados. Isto leva-me a pensar na quantidade de vida que deixei por viver para estar a trabalhar, para garantir o meu, sim, mas para dar a outros a enriquecer, com pedaços da minha vida a perder. E para quê? Para ter sido irrelevante no momento de libertar peso no barco, ser a primeira a ir borda fora. Para quê? Para não ter tido nenhum tipo de consideração. E como a vida me ensina, e ensina bem, as histórias tendem a repetir-se, a não ser que nós façamos alguma coisa de diferente. E eu aprendi que não vivo para trabalhar, mas trabalho para viver e é essa a minha prioridade. Por isso vou dar a volta à minha vida, se ainda quiser ter alguma. Ah, e o nariz tende a crescer com a idade. Quanto mais depressa vivermos mais depressa ele vai começar a ficar maior.

5.11.10



Abandonei  este blog às moscas. Sem explicação prévia, ou posterior, desliguei-o. Já nem a minha barra de internet o reconhece quando começo a escrever "ch". Tudo se deve a uma mudança de dever. E depois também de vontade de escrever, e ainda penso eu que escrevo (...) ou que virei a escrever um livro ou assim qualquer coisa. Quanto muito um punhado de folhas amchucadas que alguém encontrará espalhadas pelo chão de um escritório já inutilizado, que concentra o cheiro misto de alimento e cigarro. A escrita de antigamente já não volta, a pessoa que a escrevia já não volta. Já não tem os mesmos gostos nem vontades. Já não sabe muita coisa e ficou a saber outras tantas. E no meio das coisas que já não sabe, acha que já não sabe escrever.

3.11.10

Da espera


‎"É a altura de escrever sobre a espera. A espera tem unhas de fome, bico calado, pernas para que as quer. Senta-se de frente e de lado em qualquer assento. Descai com o sono a cabeça de animal exótico enquanto os olhos se fixam sobre a ponta do meu pé e principiam um movimento de rotação em volta de mim em volta de mim, de ti " (...)

 

[Luiza Neto Jorge]

14.10.10

E é assim que se chega aos 33.


Depois destes últimos 365 dias, em que a minha vida deu uma volta de 180º e afinal parece que foi parar ao mesmo lugar sou assolada por lembranças de há um ano atrás. De como errei em tantas situações, de como fui injusta, impaciente e intransigente. De como dos sonhos às forças vai um quilómetro de distância, de como soluções  de pacote prontas em 5 minutos podem dar uma azia de largos meses. De como tudo muda em poucas horas, de como somos responsáveis pelas nossas acções e decisões, ou não-decisões, uma forma cada vez mais comum de se estar. Há 365 dias atrás não estava feliz, nada feliz. E hoje, depois de tudo o que aconteceu, depois de tudo o que mudou não sei se poderei retirar a negação da frase anterior. Parece-me que estou mais ou menos na mesma, mas só um ano mais velha.

25.9.10

Da partida


As partidas custam-me. Seja eu a ir ou a despedir-me dos que vão. As partidas estão intimamente ligadas às mudanças, e eu não lido muito bem com estas. Este ano já tive várias e os que me rodeiam também. Hoje mais uma pessoa amiga muda de casa, desta feita para fora de Lisboa. E se antes vivia perto de mim, tão perto que era só atravessar a rua, agora vai para uns quantos quilómetros e eu tenho medo. Tenho medo da largada e da fugida. Tenho medo que as coisas se percam, tenho medo das minhas aflições a horas impróprias e de ela não estar ali. Tenho medo do que a distância possa fazer por nós.
Estes últimos doze meses tenho-me tenho-me visto a braços com as minhas mudanças e assistido às dos outros: cinco nascimentos, três funerais, um casamento e três mudanças de casa. Ainda bem que o saldo dos momentos felizes consegue superar o dos menos bons. Todas estas situações são uma partida, um deixar um lugar que se conhece, uma forma de estar confortável, e partir para outra. Outra coisa qualquer. Todos partiram. E eu espero pelo grito, para ter a minha partida, largada e fugida.

24.9.10


Quanto mais conheço a blogoesfera,
mais gosto dos meus livros.

Coisas fúteis de Outono a caírem que nem folhas.

(porque posso sempre delirar, e o meu aniversário vem aí)

(quero o blazer. Zara)

(quero o vestido. Zara)

(quero o conjunto todo. Zara)

(quero os calções. Aaaaahh ooooppsss... já tenho!)


(quero muiiiiiito o casaco, e a saia também gosto. Zara)

22.9.10

Bom dia Outono. Continuo a gostar tanto de ti como na primeira vez.

Só podemos dizer que temos a certeza
depois de termos tido a dúvida
.



[digo eu]

19.9.10

As palavras são armas.



São facadas que escorrem. São tinta com dor.

As palavras são armas.
São golpes que furam. São cancros que duram.

As palavras são armas.
São murros sem punho. São créditos sem dono.

As palavras são armas.
São tiros certeiros. São a ferida noutro umbigo.




O fim é sempre o princípio de outra coisa qualquer.


[stick on this ideia]

15.9.10

People with good sense knows that it's never good to date someone with a blog.

Lido algures:



Um cais tem sempre dois sentidos. O que vai e o que vem.
Um cais perde todo o sentido se não embarca ninguém.

9.9.10

Máximas:


I'm half the person i used to be.

Sou uma pessoa que tem pressa na vida.

Não adianta varrer o lixo, se depois o vais deixar à porta.

6.9.10

29.8.10


É na aprendizagem e aceitação dos defeitos do ser humano
que estão as qualidades do Homem.

13.8.10


Tenho percebido
que sou um D. Quixote
de cabelo comprido.

Dos planos


Quando em Outubro fiquei desempregada olhei para a situação como uma oportunidade, com um sentimento de alívio, alguma esperança e preocupação q.b. Prestes a juntar os meus pertences com os da cara-metade e a mudar de estilo de vida, as circunstâncias vinham contribuir para o processo de mudança. Eram os planos e iam manter-se. Olhei para o tempo que me estava a ser dado como uma benção, um momento para recuperar o fôlego da azáfama habitual da minha vida, para depois poder lá voltar mais retemperada.
O mundo era meu. Desde ir para África tratar de elefantes bebés, a aprender shiatsu, fazer um curso de fotografia, estudar linguas, ir a Madrid passear, escrever um livro, renovar a minha casa, costurar a minha roupa, ir mais vezes ao ginásio, andar de patins, tudo era um mundo de possibilidades. Os planos, eram imensos, tal como era imensa a minha vontade de aproveitar o tempo que me estava a ser dado. Mas não. Dizem que a vida acontece enquanto estamos demasiado ocupados a fazer planos para ela. Eu gosto desta frase: a vida acontece.
E um dia olhei e já não havia a cara-metade, porque já não havia porquê, os meus pertences continuavam no mesmo lugar, a ida a África só em desejo, pois a força tinha dias que mal me deixava sair da cama, quanto mais cuidar de outros. Os cursos ficaram-se pelas ginástica de línguas, o desporto e a vontade também ficaram a olhar para mim e a engordar-me em casa, e a casa ainda está a meio da renovação. Tal como eu. Vou a meio de um caminho que não sei onde nem quando acaba, mas é o caminho que a vida me está a levar. Vou sem mochila, sem mapa e sem lanterna, mas esta viagem do imprevisto, apesar de mais tortuosa, tem-se revelado mais honesta do que a que levava, já traçada.


5.8.10

The lesson [4:30]

E é isto



"Pior do que a convicção de que estás melhor sozinho,
é a convicção de que o outro está melhor sem ti."


[menina limão]





*thanks

22.7.10

Sometimes I keep calm and carry on.
Other times I panic and freak out,
and there's another times when
I panic and carry on.

1.7.10



Por cada não, fico mais perto do sim.


[post nº 800]

30.6.10


Chorar para dentro
não faz o mesmo
que chorar para fora.


Ser fala-barato, às vezes sai-me caro.

27.6.10


Amén!

19.6.10


"É o amor e não o tempo que cura todas as feridas.
Aqueles que passam por nós, não vão sós, não nos deixam sós.

Deixam um pouco de si e levam um pouco de nós."


[Antoine de Saint-Exupéry]

18.6.10

Nem sempre as nossas intenções se reflectem nas nossas acções.

Tempestade de areia by www.flickr.com./theise.


[imagem daqui]


[e sem que pudéssemos fazer nada, de repente,

os dentes dela ficaram amarelos e começaram a cair.
e depois os fios. cabelo a cabelo. e depois o céu também.
caiu.]


http://circulo2.claranet.pt/fotos/circulo/produtos/1039164_1242060428.jpg

Meu filho,


A maior tristeza é aquela que é camuflada. Atrás de sorrisos podem estar anos de choro, centenas de litros de baldes de lágrimas. Tantas que não poderemos nunca contar. Não poderemos nunca saber. São as caras dos tristes que são assim. Bem camufladas. Olhamos olhamos e não nos apercebemos de nada. E depois um dia andamos distraídos e vemos uma tristeza camuflada à nossa frente. Pela primeira vez vemos mesmo. E não fazemos nada. Como pegar numa tristeza triste e fazê-la desaparecer? Como soltar todos os litros de todos os baldes de água de todas as caras camufladas? Talvez com toques de mágica, mas essa não funciona em rostos destes. O que é muito triste. Talvez de repente, como com os soluços, mas isso não garante que não volte, tal como os soluços. Há quem experimente antibióticos ou comprimidos que fazem rir. Mas a tristeza triste vem de um balde tão grande de lágrimas que eram precisos milhares de milhões de anos para conseguir secá-los. E eu não quero isso. Não quero isso para mim. Podes ajudar-me a ser menos triste?

As intermitências da morte



“Rescisão deste contrato temporário a que chamamos vida”
.


[Saramago]


16.6.10

Da perda


Não me prendo a nada para não ter que sentir a sua perda. Esta poderia bem ser a frase que define os solitários. Esta poderia bem ser a minha frase. Mas da perda e da solidão não sei o suficiente para poder dizer com propriedade que sei do que falo. Tenho uma ideia aproximada. Da perda fica a solidão. E na solidão está a perda.

15.6.10


Já me custa carregar este tamanho vazio.

14.6.10

Das amizades


Dizem que os amigos é a família que se escolhe. Dizem, que a amizade tem de ser estimada e cuidada para poder evoluir e florir, como qualquer outra relação. Dizem que os amores vão e vêm mas as amizades ficam sempre. Mas há amizades que não. Há amizades que também vão. Há pedaços de nós que morrem, que doem. Há pedaços de nós que tomávamos por certos, por fazerem tão parte de nós, que nunca nos iriam faltar. Mas como qualquer orgão do corpo que não é cuidado, que é deixado à sua conta, que não tem estima, acaba por desfalecer e abandonar o próprio corpo que o aloja. Hoje sinto que me arrancaram do corpo um orgão essencial. Não consigo explicar uma dor destas de outra forma. Sinto que sou hoje uma pessoa um bocadinho pior do que era ontem. E isso dá-me vontade de arrancar de mim o resto dos orgãos e ficar de fora a ver-me morrer.

Subescrevo:

Quando eu era mais miúda e tinha desgostos amorosos (pronto, e já não tão miúda assim), lamentava profundamente não ter saído ao meu pai. Ao longo da vida, foram várias as vezes que eu o vi desligar-se completamente de pessoas que, de uma maneira ou de outra, não tinham sido correctas, que o tinham desiludido ou que lhe tinham falhado. E nessas coisas ele é implacável: corta o contacto e é como se a pessoa em causa nunca tivesse existido. E mesmo que, mais tarde, até pudesse voltar a haver uma aproximação, as coisas nunca mais eram as mesmas. E eu sempre tive pena de não ser assim. Dei por mim a perdoar coisas imperdoáveis, a namorados, ex-namorados, amigos, colegas, família, e a ser sempre a totó de serviço. Quantas e quantas e quantas vezes não engoli o orgulho, não dei o braço (e o corpo todo) a torcer, não arranjei desculpas para as idiotices alheias, não relevei coisas que me tinham magoado à séria. A verdade é que sempre odiei chatices, sempre odiei estar chateada com as pessoas, sempre odiei aqueles climas de não falar e fingir que os outros não existem. É desconfortável, por isso sempre preferi passar a mão no pêlo, dar o primeiro passo e fazer de conta que, afinal, não tinha importância nenhuma. No secundário a minha melhor amiga roubou-me o namorado e fiquei sentada ao lado dela, todos os dias, em todas as aulas, sem trocarmos uma palavra. E, claro, fui eu que lhe liguei ao fim de dois meses a dizer que tínhamos de voltar a ser amigas. E ainda hoje somos, apesar de eu achar que alguma coisa se estragou ali irremediavelmente.
Até que depois crescemos. Claro que quando crescemos, ou achamos que sim, regra geral já é tarde. Já fizemos todas as asneiras e mais algumas, já relevámos uma data de coisas daquelas que dizíamos "nunca na vida que eu perdoaria uma coisa destas", já fomos, uma vez mais, idiotas. E depois olha-se para trás e a pergunta "mas para que é foi aquilo tudo?" é inevitável. Eu tenho uma teoria de vida que, até agora, não tem falhado. Toda, mas mesmo toda a gente nos desilude um dia. Mãe, pai, irmãos, namorados, maridos, melhores amigos, é escolher. Porque todos, mas mesmo todos, vão falhar. Às vezes não tem grande importância, outras vezes tem e é completamente impossível voltar a olhar para as pessoas da mesma forma. E o melhor que termos a fazer é estarmos preparados para isso. Não vale a pena viver na obsessão de estar sempre a pensar de onde virá a próxima facada nas costas, mas cautela e caldos de galinha nunca fizeram mal a ninguém. É isso e manter sempre as expectativas relativamente moderadas, seja em relação a quem for. Porque quando se acredita que alguém nunca será capaz de nos desiludir, geralmente a pancada é maior.
As pessoas desiludem-nos. De propósito, sem se darem conta, porque não têm capacidade para perceber os seus actos, porque são parvas, infantis, inconsequentes, levianas, egoístas, seja lá o que for. E nessa altura faz-se a triagem. Perdoa-se quem merece ser perdoado, expulsa-se das nossas vidas quem não interessa, quem não é um valor acrescentado, quem não está lá a fazer nada, quem não merece (porque é disso que se trata, merecer) a nossa amizade, o nosso amor, ou o nosso respeito. Acho que ao longo da vida se vai percebendo que não temos tempo de qualidade para dedicar a toda a gente que gostaríamos, por isso é uma parvoíce gastá-lo com quem não interessa. As pessoas são falíveis, e eu sei que também já desiludi algumas pessoas. Aliás, passo a vida a achar que o estou a fazer e a tentar remediá-lo o melhor que sei e posso. Mas também acho que estou mais intolerante. Ou mais esperta. E tenho a certeza que se alguém me falhar de forma incontornável, ganha um bilhetinho de saída para fora da minha vida. Sem regresso possível. Já não acho que tudo é admissível, que tudo é desculpável, que toda a gente é bem intencionada mas que, de quando em vez, tem um lapso, um descuido. Não é verdade. Para tudo na vida há sempre aquele segundo em que se pode optar. Sempre, sempre, sempre. Por mais que digam que não. Opta-se entre ir para a direita ou para a esquerda, entre comer carne ou peixe, entre fazer ou não alguma coisa que vai ter consequências, causar estragos, magoar alguém. Nada é ao acaso, por muito que dê jeito pensar que sim. Lamentavelmente, as pessoas não são todas boas. E, lamentavelmente também, há gente intrinsecamente parva que nos rodeia, que diz e faz parvoíces indesculpáveis, que o máximo que merece de nós é indiferença. Ou pena.
É raro o dia em que não recebo um ou outro mail, ou que não sei de uma história de alguém que tem o mundo virado do avesso por causa de outro alguém, e tenho pensado nisto. Nisto e na efemeridade da vida. Se calhar estou a ficar esotérica (medo), se calhar é da proximidade dos 30, o certo é que ando mais pensativa. E mais alerta. E se se pensa que alguém não tem lugar na nossa vida, provavelmente não é só uma dúvida. É uma verdade. E uma perda de tempo."


Roubado à Pipoca Mais Doce. O meu obrigada, e as minhas desculpas.

11.6.10

Dos arrependimentos


Das coisas que mais me arrependo na vida foi de não ter feito Erasmus quando estudava. Sendo eu filha única e de feitio muito independetente, julgo que só me teria feito bem. A acrescentar a isso o facto de não ter sido muito simpática no primeiro ano de faculdade com a minha turma, tendo, provavelmente, herdado ódios que duram até hoje, uma temporada longe de todos aqueles com quem eu nada me identificava poderia ter sido regenerador. Mas não. Naquela altura essa hipótese nem se colocou nesta cabeça. Não. Naquela altura estava a passar por situações familiares que muitos nem imaginam, e que me obrigaram a ser enfermeira e "mãe", e a crescer de outra maneira. De uma maneira que não envolveu bebedeiras, nem viagens de comboio, nem aventuras no estrangeiro. Uma altura que me obrigou a ser responsável e a ter preocupações maiores, quando todos andavam apenas preocupados em ser estudantes.

2.6.10


Auto-confiança = 0
Auto-estima= -1


[talvez se for a um mecânico me arrangem isto]

31.5.10

Precisava tanto que me saísse o totoloto, o euromilhões, a lotaria ou um tio rico.


Juro-vos que o dinheiro iria ser muito bem empregue, e uma boa parte dele doado a instituições de solidariedade e de ajuda a animais. Juro-vos. Estou sedenta de boas acções e a rebentar de boa-vontade, mas não tenho condições para o fazer. Não há maneira de o departamento de jogos da Santa Casa da Misericórdia e o Governo Civil entenderem isto.

26.5.10

Ontem fui ao concerto sim, com um bilhete conseguido há menos de um mês, ganho ao poker, por isso não paguei por ele. É verdade, ainda há milagres.


E sim, estive sentada na quarta fila, mesmo em frente. E sim apetecia-me levantar para dançar às vezes e sim fui aquela parva que fez o simbolo X com os braços. Mas não fiz sozinha. Afinal são precisos dois X para dar o nome aos moços. Resumindo e baralhando, sim, foi um concerto catita, tenho algumas filmagens mas ainda não as decarreguei, mas acreditem na minha palavra que chega.

24.5.10

Houve um tempo

Houve um tempo
em que a monotonia
era o meu único tormento.
Houve um tempo
em que o tempo
passava numa sintonia
lenta como um
sofrido lamento.
Houve um tempo
em que tudo parecia
que sim,
para depois virem uma série de
talvez.
Ai...
que nem sabem
o que o talvez me fez.
Houve um tempo
em que sim,
que não,
que sim,
que não.
Um tempo de decisão
que levou com um
não para um lado.
Houve um tempo
de indefinição
em que o meu maior lamento
foi não ter escrito mais
sob aquelas lágrimas
de tortura e comoção.

21.5.10

Notas mentais para outros que não eu.



A todos os que têm conhecidos, familiares, namorados(as), esposos(as), amigos(as) e afins, sem emprego neste momento, é de evitar os seguintes comentários:


- "Aaah pois que isto está muita complicado."
- "Bem, daqui para a frente só vai ser pior."
- "Epá conheço malta com grandes CVs desempregadas há mais de um ano."
- "Isto está mesmo muita difícil."
- "Isto aconteceu-te na pior altura possível."
- "Tu agora não vais conseguir nada. Não há nada..."


Agradeço as palavras simpáticas que tenho ouvido até hoje, todas dentro deste registo. Não ajuda meus caros, não ajuda e são perfeitamente desnecessárias. Sabem porquê?!?
Porque quem está nesta situação não precisa de mais negativismo nem de ser mandado mais a baixo, nem que lhe digam como é a situação, pois conhece-a muito bem. Está nela e sente-a na pele, exactamente todos os minutos do seu dia.

17.5.10

Desamparo


Tiraram-me o chão dos pés e ainda não o voltaram a pôr.
Estou em queda livre desde então. A sensação é a de começar a cair no vazio e esperar que a qualquer momento se encontre terra onde pousar, mas esse pedaço de chão nunca chega.
Há cinco meses precisamente que estou assim. É como se tivesse sido atirada de Júpiter, ou já ter percorrido duas vezes e meia o diâmetro da terra e continuar sem saber quando e onde vou aterrar.

13.5.10


O silêncio
corta
a faca.
Uma porta
a abrir.
Sem chiar.
Um rugir
sem se
ouvir.
Toca,
toca,
toca
o som
do acordar
e nem assim
o silêncio tem
modo
de despertar.

7.5.10

59 euros depois

Dois biquinis novos
Um corte de cabelo novo


[e a felicidade comprada]

A espera


Demorei desde que nasci até ontem para te encontrar. Demorei todos os dias, de todas as horas que respirei. Demorei todos os sonhos e ilusões, todas as desesperanças. Demorei mais minutos do que segundos de suspense, mais dores do que amores. Demorei todos os quereres e teres, todas as posses passageiras. Demorei a vida até ontem. Até que o meu outro eu me visse, ao passar. E eu ficar.

5.5.10


ENA ENA.
Já somos 80.



[leia-se isto a rimar]


"Não leves a mal que eu esteja com uma camisola de manga curta quando fores ler tudo isto.
E digo-o pela simples razão de que o calor da tua alma dá para agasalhos de homem cansado, farto de virar páginas à vida e aos livros."


[Carta a um jovem antes de ser poeta - José Alberto Marques]

A razão do estado de abandono deste blog

Pronto, já passou.

[embora, ao escrever um palavrão, pulularam logo as seguidoras.
Deve ser pela identificação do estado de espírito.
A avaliar pelo que vi hoje no trânsito havia muita gente como eu.]

4.5.10

F#$%&#

27.4.10

Das mudanças


Hoje fui supreendida. Com a notícia de casamento de uma amiga, a mesma que há menos de uma semana me tinha surpreendido por estar grávida. Hoje fui supreendida. Com a notícia de um despedimento, daqueles que nunca imaginei que acontecesse, pois tinha essa amiga no lugar dos intocáveis.

Hoje percebi como a vida não pára para nós pensarmos nela e a organizarmos em calendário. Hoje percebi que não há inevitáveis e que não há ninguém que seja insubstituível, por mais que se pense que sim. Hoje percebi a fragilidade dos planos e das vidas. De como tudo muda e nos ultrapassa.
Da que chorava e não se conformava com o azar e se achava solteira para sempre, até passar a ter uma relação feliz e um anel e bebé a caminho, da que via as amigas à volta a serem despedidas e ela a ser aumentada de trabalho, a revoltar-se de incompreensão e de choque por ter também ela um papel de adeus nas mãos.

Ontem eu. Hoje ela. Amanhã tu.
Amanhã eu. Hoje ela. Ontem tu.

23.4.10

Espírito novo


Cheguei à conclusão que este blog é maioritariamente lido por teenagers. Sem qualquer problema sobre isso, sem preconceito e sem exclusão, não posso deixar de pensar o que é que isso diz sobre mim e o que escrevo. Tendo eu o dobro da idade a maioria das pessoas que me lê... I wonder...

A bem da verdade quando tinha 14 anos davam-me 18/19, quando tinha essa idade, davam-me 24/25, no dia que fiz 25 deram-me 31/32, e agora que os tenho dão-me 24 anos, às vezes 26... o que é bom. É sinal que aparento isso, porque me dão essa idade mesmo antes de eu abrir a boca. Mas isso não invalida que eu fique a pensar no fenómeno idade-das-seguidoras, que se passa por aqui. Por favor não me respondam. Ou se o fizerem, mintam. Mintam generosamente.

22.4.10

16.4.10


Não me arrependo das horas que perdi a esperar-te quando ainda havia a esperança.
A esperança que havia ainda quando,
a esperar-te, perdi horas de que não me arrependo.


[A Casa, a Escuridão - José Luís Peixoto]

14.4.10


"A line is a dot that went for a walk."

[Paul Klee]

13.4.10


A partir de hoje vou passar a ser
mais a espectadora e menos a palhaça.

12.4.10

Um fim-de-semana


Um fim-de-semana é cheio quando é feito de espontaniedade. De repentes. De malas feitas a correr e de confusões. De acelerador e de jantar um sabor conhecido num sítio antigo. Um fim-de-semana é cheio quando nos surpreende com calor, demais, mais do que se espera, mais do que se quer. Quando nos leva a comprar peixe fresco pela manhã e a ver o mar chão verde água à transparência. É feito de almoço de polvo e de improvisos e de pés descalços na areia, na água primeiro fria e depois morna, é feita de pés descalços a subir pisos. É feito de passeios e velharias, mesas com segredos e de um sotão antigo que não está para venda, mas que a história dele desvenda. É feito de baloiços e de mangueiradas nos pés. De relva e de moleza morabeza. Um fim-de-semana em cheio é feito de arroz de tomate e bife de atum. É feito de muralhas, sem pedras, nem castelo. E é feito do colo e do
fogo de uma princesa.

9.4.10

Canção segredo

Eu queria ser
alguém melhor
e ter assim razões
para crer
que o nosso amor
te importa
e me vais abrigar
se em teu coração
começar a chover
calando assim
a voz que me diz

nada mais o amor te deve
mas é o coração que o escreve
não queria temer pelo pior
nem pelo que o futuro pode ou não
vir a trazer
e se o nosso amor acabar
meu amor eu juro
que eu não quero mais viver

calando assim
a voz que me diz
nada mais o amor te deve
mas é o coração que o escreve

meu amor
não cantes esta canção
ela não pertence
ao mundo que eu quero
para nós
ela não vai embalar
o nosso amor.


[manel cruz - foge foge bandido]

8.4.10

Após uma espera longa, muito longa

Daqui a três horas o encontro.


6.4.10

Blue Voodoo



Quando for grande,

quero voltar
a ser pequena.




5.4.10

Three advices





Para quem é mais distraído.
Post-its daqui

31.3.10

Ela falava,
falava,
falava.

Não suportava
o som
de estar calada.

28.3.10

Obrigada






[38]
"A coincidência é a forma que Deus tem de permanecer anónimo."

[Einstein]

26.3.10

Message to self (and other)



Tenho uma pulsão incontrolável por janelas com a luz acessa. Os meus olhos saltam à procura de intimidade, de peças, de pormenores dos outros. Não é voyerismo. É mais forte do que eu. É entrar sem ser convidada.
Conheço a maioria dos candeeiros das casas das zonas antigas de Lisboa. E as cores das paredes, quadros, e topos de bibliotecas. De algumas casas conheço até as salas de jantar completas, e os quartos. Hoje foi uma noite recheada, no largo junto à casa dos bicos, tive o tempo necessário para olhar um prédio que há muito me cativa. Uma parede vermelho sangue de boi e um candeeiro com muitos globos brancos, muitos. Ao lado um quadro enorme, e ainda as estruturas em madeira de casa velha. Pé alto enorme. Estantes enormes. Livros, muitos e mais candeeiros, e de vez em quando uma sombra. E eu, cá em baixo, a espreitar, a imaginar o resto que não vejo, à espera de ser convidada para entrar.

Fotografia daqui

23.3.10


Tudo
devagar
se encaixa
no seu lugar

19.3.10

Eu sou uma pessoa que sofre.
Uma pessoa que descobriu um site onde se vendem fios com pendentes e alfinetes de peito vintage e art déco, duas coisas que eu adoro de perdição.
Eu sou uma pessoa que sofre de diminuição do saldo do cartão
de crédito desde que descobri este site.
E agora sofro por isso,
e pela espera das (repararam bem no plural?) encomendas.




[Para me perceberem, ponham só os olhos neste exemplo,
que não fazendo o meu género, não deixa de ser um mimo.]

18.3.10

Gosto desta imagem.


[caixas vazias, cheias de coisas importantes]

16.3.10

Era para estar dentro da Aula Magna neste momento a bambolear-me ao som
de Florence+The machine, mas deu-me as fúrias* e não fui.




*[também conhecidas por TPM]




(é caso para dizer que os Dog Days já podiam estar Over)

14.3.10

The latest maxi-ultra-pleasure

Vou dar banho ao gato.


[E não é no sentido literário da frase. Wish me luck]

10.3.10

Estou perdida de amores por um vestido.


[de noiva]

Humores


Cheguei à conclusão que, desde que deixei de trabalhar, nunca mais acordei de mau-humor. Não é o mesmo que acordar feliz e contente, nem significa acordar não-deprimida. Tive os meus dias negros. Mas de mau-humor, nunca mais, o que me leva a pensar que o meu mau-humor, das duas uma, ou está associado ao despertar matutino ou ao facto de ir trabalhar contrariada. Sendo que as duas questões têm um peso igualmente forte, não posso dizer que seja por uma ou outra razão exclusivamente. Mas posso garantir que a não obrigatoriedade de ir para um sítio que já me provocava mais urticária do que prazer, contribui francamente para a melhoria do meu humor.

9.3.10

O que eu tenho a dizer sobre os Óscares?

[putas das pipocas!]

8.3.10

Em modo operativo para assistir ao maior filme do ano, acompanhada do respectivo balde de pipocas, pijama e manta. Sem hora para acordar amanhã. Ahh e com o Mac ao lado para actualizações regulares no facebook.


[Óscares estou vestida e pronta para te ver]

7.3.10

[Já chega de limão, não?]


Adenda: imagem enviada pela amiga Cat. para ilustrar este post. Thank you my dear.
Não sei o que era da minha vida sem a tua direcção de arte.

4.3.10


Os relógios daquela casa faziam intermináveis tic-tacs.
Onde era suposto o tempo passar,
tudo acontecia num vagar marcado pelo passar de cada tic,
seguido de cada tac.



tic
tac
tic
tac
tic
tac

...






3.3.10

Um texto copiado e assinado


Quem fala assim não é mudo?

"Irritam-me pessoas que não sabem respeitar o espaço das outras. Irritam-me. Ponto.
E quanto a isso não posso fazer nada. Vá, posso. Fiz. Não serviu de nada.
Continuaram a não respeitar o meu espaço, o meu silêncio.
Eu gosto de silêncio.
Gosto de silêncio ao acordar.
Odeio que falem comigo quando acordo.
Toda a gente que precisa de saber disso o sabe. Mas, ainda assim, há sempre um corajoso que "tenta mudar" esta minha maneira de ser.
Apesar de não ser bem sucedido em TODAS as vezes, continua. Continua de forma estúpida. Levando com toda a má disposição que eu tenho ao acordar.
Eu prezo o silêncio. Talvez venha daí a minha enorme dificuldade em falar. Não gosto de falar.
Prefiro a escrita.
Com a escrita podemos dizer tudo o que queremos sem nunca perturbar o silêncio.
Eu gosto de silêncios. Mesmo aqueles perturbadores. Aqueles em que alguém devia dizer algo mais para tentar quebrar o gelo, mas ninguém diz pois tem medo de tornar a situação pior.
Eu sou dessas pessoas. Eu gelo. Quando há algo muito importante para se falar eu simplesmente fico estática. Sem falar. Não porque não queira, vá, em parte por isso, mas sobretudo porque não consigo falar. Porque tenho medo de tornar a situação pior. Porque só a iria piorar. Eu fico em pânico só de saber que tenho de falar em público.
Pasme-se a alma que pensa que quando tenho algo para dizer não o digo. Digo. Digo e com toda a arrogância que um silêncio não pode ter. Especialmente quando tenho razão e chego ao ponto de ebulição. Digo-o. O que quer que seja. Eu digo. E, por isso, fui muitas vezes apelidada de insolente!
Talvez devido a esse meu "novo" apelido tenha aprendido a ficar calada e a dar valor ao silêncio.
Porque quando falo sei que tenho realmente algo para dizer e não é despropositado"


[orgulho da mana mais nova Denise que escreve assim e diz que amanhã não vais ter tanto encanto.]