30.6.10


Chorar para dentro
não faz o mesmo
que chorar para fora.


Ser fala-barato, às vezes sai-me caro.

27.6.10


Amén!

19.6.10


"É o amor e não o tempo que cura todas as feridas.
Aqueles que passam por nós, não vão sós, não nos deixam sós.

Deixam um pouco de si e levam um pouco de nós."


[Antoine de Saint-Exupéry]

18.6.10

Nem sempre as nossas intenções se reflectem nas nossas acções.

Tempestade de areia by www.flickr.com./theise.


[imagem daqui]


[e sem que pudéssemos fazer nada, de repente,

os dentes dela ficaram amarelos e começaram a cair.
e depois os fios. cabelo a cabelo. e depois o céu também.
caiu.]


http://circulo2.claranet.pt/fotos/circulo/produtos/1039164_1242060428.jpg

Meu filho,


A maior tristeza é aquela que é camuflada. Atrás de sorrisos podem estar anos de choro, centenas de litros de baldes de lágrimas. Tantas que não poderemos nunca contar. Não poderemos nunca saber. São as caras dos tristes que são assim. Bem camufladas. Olhamos olhamos e não nos apercebemos de nada. E depois um dia andamos distraídos e vemos uma tristeza camuflada à nossa frente. Pela primeira vez vemos mesmo. E não fazemos nada. Como pegar numa tristeza triste e fazê-la desaparecer? Como soltar todos os litros de todos os baldes de água de todas as caras camufladas? Talvez com toques de mágica, mas essa não funciona em rostos destes. O que é muito triste. Talvez de repente, como com os soluços, mas isso não garante que não volte, tal como os soluços. Há quem experimente antibióticos ou comprimidos que fazem rir. Mas a tristeza triste vem de um balde tão grande de lágrimas que eram precisos milhares de milhões de anos para conseguir secá-los. E eu não quero isso. Não quero isso para mim. Podes ajudar-me a ser menos triste?

As intermitências da morte



“Rescisão deste contrato temporário a que chamamos vida”
.


[Saramago]


16.6.10

Da perda


Não me prendo a nada para não ter que sentir a sua perda. Esta poderia bem ser a frase que define os solitários. Esta poderia bem ser a minha frase. Mas da perda e da solidão não sei o suficiente para poder dizer com propriedade que sei do que falo. Tenho uma ideia aproximada. Da perda fica a solidão. E na solidão está a perda.

15.6.10


Já me custa carregar este tamanho vazio.

14.6.10

Das amizades


Dizem que os amigos é a família que se escolhe. Dizem, que a amizade tem de ser estimada e cuidada para poder evoluir e florir, como qualquer outra relação. Dizem que os amores vão e vêm mas as amizades ficam sempre. Mas há amizades que não. Há amizades que também vão. Há pedaços de nós que morrem, que doem. Há pedaços de nós que tomávamos por certos, por fazerem tão parte de nós, que nunca nos iriam faltar. Mas como qualquer orgão do corpo que não é cuidado, que é deixado à sua conta, que não tem estima, acaba por desfalecer e abandonar o próprio corpo que o aloja. Hoje sinto que me arrancaram do corpo um orgão essencial. Não consigo explicar uma dor destas de outra forma. Sinto que sou hoje uma pessoa um bocadinho pior do que era ontem. E isso dá-me vontade de arrancar de mim o resto dos orgãos e ficar de fora a ver-me morrer.

Subescrevo:

Quando eu era mais miúda e tinha desgostos amorosos (pronto, e já não tão miúda assim), lamentava profundamente não ter saído ao meu pai. Ao longo da vida, foram várias as vezes que eu o vi desligar-se completamente de pessoas que, de uma maneira ou de outra, não tinham sido correctas, que o tinham desiludido ou que lhe tinham falhado. E nessas coisas ele é implacável: corta o contacto e é como se a pessoa em causa nunca tivesse existido. E mesmo que, mais tarde, até pudesse voltar a haver uma aproximação, as coisas nunca mais eram as mesmas. E eu sempre tive pena de não ser assim. Dei por mim a perdoar coisas imperdoáveis, a namorados, ex-namorados, amigos, colegas, família, e a ser sempre a totó de serviço. Quantas e quantas e quantas vezes não engoli o orgulho, não dei o braço (e o corpo todo) a torcer, não arranjei desculpas para as idiotices alheias, não relevei coisas que me tinham magoado à séria. A verdade é que sempre odiei chatices, sempre odiei estar chateada com as pessoas, sempre odiei aqueles climas de não falar e fingir que os outros não existem. É desconfortável, por isso sempre preferi passar a mão no pêlo, dar o primeiro passo e fazer de conta que, afinal, não tinha importância nenhuma. No secundário a minha melhor amiga roubou-me o namorado e fiquei sentada ao lado dela, todos os dias, em todas as aulas, sem trocarmos uma palavra. E, claro, fui eu que lhe liguei ao fim de dois meses a dizer que tínhamos de voltar a ser amigas. E ainda hoje somos, apesar de eu achar que alguma coisa se estragou ali irremediavelmente.
Até que depois crescemos. Claro que quando crescemos, ou achamos que sim, regra geral já é tarde. Já fizemos todas as asneiras e mais algumas, já relevámos uma data de coisas daquelas que dizíamos "nunca na vida que eu perdoaria uma coisa destas", já fomos, uma vez mais, idiotas. E depois olha-se para trás e a pergunta "mas para que é foi aquilo tudo?" é inevitável. Eu tenho uma teoria de vida que, até agora, não tem falhado. Toda, mas mesmo toda a gente nos desilude um dia. Mãe, pai, irmãos, namorados, maridos, melhores amigos, é escolher. Porque todos, mas mesmo todos, vão falhar. Às vezes não tem grande importância, outras vezes tem e é completamente impossível voltar a olhar para as pessoas da mesma forma. E o melhor que termos a fazer é estarmos preparados para isso. Não vale a pena viver na obsessão de estar sempre a pensar de onde virá a próxima facada nas costas, mas cautela e caldos de galinha nunca fizeram mal a ninguém. É isso e manter sempre as expectativas relativamente moderadas, seja em relação a quem for. Porque quando se acredita que alguém nunca será capaz de nos desiludir, geralmente a pancada é maior.
As pessoas desiludem-nos. De propósito, sem se darem conta, porque não têm capacidade para perceber os seus actos, porque são parvas, infantis, inconsequentes, levianas, egoístas, seja lá o que for. E nessa altura faz-se a triagem. Perdoa-se quem merece ser perdoado, expulsa-se das nossas vidas quem não interessa, quem não é um valor acrescentado, quem não está lá a fazer nada, quem não merece (porque é disso que se trata, merecer) a nossa amizade, o nosso amor, ou o nosso respeito. Acho que ao longo da vida se vai percebendo que não temos tempo de qualidade para dedicar a toda a gente que gostaríamos, por isso é uma parvoíce gastá-lo com quem não interessa. As pessoas são falíveis, e eu sei que também já desiludi algumas pessoas. Aliás, passo a vida a achar que o estou a fazer e a tentar remediá-lo o melhor que sei e posso. Mas também acho que estou mais intolerante. Ou mais esperta. E tenho a certeza que se alguém me falhar de forma incontornável, ganha um bilhetinho de saída para fora da minha vida. Sem regresso possível. Já não acho que tudo é admissível, que tudo é desculpável, que toda a gente é bem intencionada mas que, de quando em vez, tem um lapso, um descuido. Não é verdade. Para tudo na vida há sempre aquele segundo em que se pode optar. Sempre, sempre, sempre. Por mais que digam que não. Opta-se entre ir para a direita ou para a esquerda, entre comer carne ou peixe, entre fazer ou não alguma coisa que vai ter consequências, causar estragos, magoar alguém. Nada é ao acaso, por muito que dê jeito pensar que sim. Lamentavelmente, as pessoas não são todas boas. E, lamentavelmente também, há gente intrinsecamente parva que nos rodeia, que diz e faz parvoíces indesculpáveis, que o máximo que merece de nós é indiferença. Ou pena.
É raro o dia em que não recebo um ou outro mail, ou que não sei de uma história de alguém que tem o mundo virado do avesso por causa de outro alguém, e tenho pensado nisto. Nisto e na efemeridade da vida. Se calhar estou a ficar esotérica (medo), se calhar é da proximidade dos 30, o certo é que ando mais pensativa. E mais alerta. E se se pensa que alguém não tem lugar na nossa vida, provavelmente não é só uma dúvida. É uma verdade. E uma perda de tempo."


Roubado à Pipoca Mais Doce. O meu obrigada, e as minhas desculpas.

11.6.10

Dos arrependimentos


Das coisas que mais me arrependo na vida foi de não ter feito Erasmus quando estudava. Sendo eu filha única e de feitio muito independetente, julgo que só me teria feito bem. A acrescentar a isso o facto de não ter sido muito simpática no primeiro ano de faculdade com a minha turma, tendo, provavelmente, herdado ódios que duram até hoje, uma temporada longe de todos aqueles com quem eu nada me identificava poderia ter sido regenerador. Mas não. Naquela altura essa hipótese nem se colocou nesta cabeça. Não. Naquela altura estava a passar por situações familiares que muitos nem imaginam, e que me obrigaram a ser enfermeira e "mãe", e a crescer de outra maneira. De uma maneira que não envolveu bebedeiras, nem viagens de comboio, nem aventuras no estrangeiro. Uma altura que me obrigou a ser responsável e a ter preocupações maiores, quando todos andavam apenas preocupados em ser estudantes.

2.6.10


Auto-confiança = 0
Auto-estima= -1


[talvez se for a um mecânico me arrangem isto]