30.1.09

O cigarro da tristeza


Há 10 minutos atrás apaguei o cigarro da tristeza. Fumei-o compenetradamente, pausadamente e com pesar. Hoje acho que perdi uma amiga. Ainda não decidi. Porque as amizades, tal como o amor, podem chegar ao momento em que já não crescem connosco. Hoje fumei um cigarro tão profundamente desiludido que dói a decisão do que fica para trás, do ganhar ou do perder. Conta que não devia existir, não devia sequer ser questionada, porque devia dar sempre resultado.
Por isso, hoje, acho que vou perder uma amiga de longa data, talvez uma das amizades mais antigas que mantenho. As desilusões acumulam-se, uma atrás da outra, ganham tamanho e ganham peso cá dentro e magoam e decepcionam.
Ao deixar ir uma amiga, estou a deixar ir muito de mim também, mas esta indiferença, este sentimento de ser ignorada e preterida já não dá para aguentar, nem para justificar, nem para desculpar. E estou sentada a escrever isto e a ver uma fotografia nossa de um fim-de-ano, dos muitos que passámos juntas (aquele em que fiquei a dormir em tua casa). Mas às vezes as coisas têm de acabar, para podermos dar espaço a outras pessoas para entrar.
Não foi por falta de aviso, mas tal como no amor, não se força, tem-se.
E hoje apaguei o cigarro da tristeza desta amizade dentro de mim.
Nem chorei, mas a minha alma soluça.


Emotiva


Quanto mais triste estou, mais escrevo.
E esta semana foi frutífera.

Ontem lembrei-me


Ontem recebi um e-mail de agradecimento. Vinha da Instituição na qual trabalhei como voluntária na festa de Natal e na qual pretendo colaborar mais intensiva e regularmente. Ontem recebi um e-mail de agradecimento, bem escrito e cheio de palavras bonitas. Mas mais do que isso, cheio de todos os sentimentos que me encheram de felicidade durante os três dias que atecederam o Natal. Cheio de recordações boas, mas principalmente cheia de uma lembrança que estava tapada pelos afazeres do dia-a-dia. E ontem, lembrei-me que não basta fazer bem durante dois ou três dias. Lembrei-me que, a mim, não me basta fazer bem aos outros só dois ou três dias por ano. Porque o sentimento de felicidade e gratidão, por o podermos fazer, é tão avassalador, que queremos fazê-lo todos os dias. E ontem recebi esse bendito e-mail, que me fez reviver e voltar a sentir-me cheia por dentro. E isso não é uma coisa que se consiga facilmente.

Ontem recebi um e-mail e vinha cheio disto tudo e mais. Trazia o registo do que se viveu nos dias 19, 20 e 21, na Cantina 1 da Universidade de Lisboa. Porque é impossível de explicar, fica aqui o registo de alguns momentos que se passaram no natal dos Sem-Abrigo da Comunidade Vida e Paz.

Um bem haja a todos.

29.1.09

Há coisas que nos revolvem as entranhas

Até onde nós nos queríamos esconder.
Amar é isto, e como eu entendo isto tão bem.
Hoje de manhã
caí no balde
do sono

28.1.09

A sombra e os passos


A minha sombra
é maior que eu.
E eu tenho medo
dos meus passos.
Passo horas
nas escadas,
a ouvi-los.
Ouço as tábuas
que eles pisam
e os soalhos onde escorregam.

A minha sombra
é maior que eu.
E eu tenho medo
dos meus passos.
Por vezes são incertos
e vão por caminhos
que eu sei serem
travassos.

Mas a minha sombra
é maior que eu.
E eu tenho medo
dos espaços
onde ela entra.
São sítios para onde a levam,
e quem a leva,
são os meus
passos.

Quando eu era pequenina, acabada de nascer, ainda mal abria os olhos, já era para te ver.


Era assim que se repetia um fado, de Amália, na voz da minha mãe. Vezes sem conta. Por toda a casa. Quase todos os dias. Quase todos os dias se ouvia ou cantava fado naquela casa. E eu gostava. Quando eu ainda era pequenina embalava nessa melancolia e sei que a minha mãe chegou a pensar que estava a exagerar, porque eu não ria. Não ria ás gargalhadas como aquelas crianças que se viam divertidas. E não é que não fosse uma criança feliz. Brincava sozinha todos os dias no chão o meu quarto, onde construía cidades inteiras, com legos, barriguitas, barbies, pin-i-pons, legumes e frutas e os papéis que sobravam do banco do meu pai e brincava feliz. Aos fins-de-semana sentava-me toda contente à porta do quarto dos meus pais, agarrada à almofada, em silêncio, à espera de os ouvir falar, para poder entrar no quarto. Durante a semana chegava a casa e ia fazer os deveres, antes mesmo dos desenhos animados e do lanche. Mesmo que me chamassem para a sala, não ia sem acabar os trabalhos de casa porque estava feliz a fazê-los. Ainda mal abria os olhos e já conhecia nove meses de letras e refrões, uns mais entoados, outros mais desgarrados. Porque naquela casa sempre se ouviu fado. E não éramos tristes.
Eu era só uma criança que não ria. E ainda hoje não me rio,
quando ouço fado. O fado também não ri.


Haiku


As filhoses da minha mãe
não sobrevivem
à filha dela.

Amanhã


Amanhã.
Sempre amanhã,
porque parece sempre
que amanhã
é melhor.
Vai ser mais fácil.
Vai ser o dia.
E amanhã aparece.
E parece
sempre perto demais.
Não fosse ser o dia
já a seguir
ao dia que queremos
adiar.

E amanhã,
(sempre amanhã),
vamos fazer.
Vamos mudar.
Amanhã
vamos ter vontade.
Porque sim.
Porque amanhã
é de certeza!

... invariavelmente
diferente do dia que é hoje.

27.1.09

Todos diferentes. Todos iguais.

Será?
Mais aqui









Texto de Augusto de Campos - 1975

[Roubado de um blog que só descobri hoje, mas que já adoro.]

26.1.09

Isto era o que me apetecia...















[... mas como não ia ficar com tanto estilo, nem metade tão gira.
Fico-me pelos palavrões dentro do carro à hora de almoço.]

A semana começa bem


Quando às 11:05 de segunda-feira já se levou um puxão de orelhas do director criativo, se refilou com o supervisor pela impossibilidade de cumprir com oito trabalho em plano com três pessoas diferentes, se discutiu com uma colega, se foi ignorado por um trabalho em que se trabalhou duas semanas e... já se tomou um ultramidol para acalmar. Resta saber se à tarde isto ainda vai piorar.

23.1.09

Procrastination



Este mini filme é absolutamente fabuloso. Fez parte do Indie de 2008 e eu andava a adiar o post em que o colocaria aqui. [ahahahahah]

21.1.09

Júnior



















YUPIIIIIIEE. Mais outro lançamento de outros dos meus meninos.
A 23 de Março de 2009, novo albúm dos Royksopp - "Júnior"

Tensão de Puta Madre

[como diz um amigo meu,
mas mais conhecida por
TPM - tensão pré-mestrual.
Por isso, aqui vai de neura.
Que isto foi só para contextualizar.]



É que não gosto de cachecóis xadrez de lã. Dá-me nos nervos.
E aqui onde eu habito durante o dia abundam desses espécimes.
E não gosto de ir buscar um café, compenetrada com a minha vidinha,
ou com o trabalho, e ter de fazer conversa da treta só para que os outros
não me achem antipática.
E não gosto de surpresas na altura de apresentar um trabalho,
por parte daqueles a quem eu dei uma oportunidade.
Não gosto de smarts fortwo, nem dos donos de alguns desses semi-carros, como aliás já disse aqui.
E não gosto de fazer análises e pagar os olhos da cara como hoje de manhã.
Não gosto de ilustrações de arabescos e florzinhas e ramagens e afins,
e não gosto de pessoas de vistas curtas e teimosia descabida.
E não gosto de pessoas que ouvem mal, ou que falam baixinho,
nem das que falam por meias palavras ou como se eu soubesse
o que lhes passa na cabeça.
E não gosto de estar com esta neura, mas pacienciazinha,
que isto de começar a manhã em jejum, a tirar sangue
e a sujeitar-me a uma inspecção ginecológica,
também não é de deixar ninguém de bom humor.
E mais nada!

19.1.09

Paredes


Quatro paredes
serão sempre quatro paredes,
aqui ou do outro lado.
Diferentes, mas sempre paredes.
E aqui,
ou do outro lado,
elas não me deixam sair.

E esta noite, deixam?

Sempre quatro paredes
que não me deixam ir,
aqui,
nem ao outro lado.

O corvo [tradução de Fernando Pessoa]


Numa meia-noite agreste, quando eu lia, lento e triste,
Vagos curiosos tomos de ciências ancestrais,
E já quase adormecia, ouvi o que parecia
O som de alguém que batia levemente a meus umbrais.
"Uma visita", eu me disse, "está batendo a meus umbrais.
É só isto, e nada mais."

Ah, que bem disso me lembro! Era no frio dezembro
E o fogo, morrendo negro, urdia sombras desiguais.
Como eu qu'ria a madrugada, toda a noite aos livros dada
P'ra esquecer (em vão!) a amada, hoje entre hostes celestiais -
Essa cujo nome sabem as hostes celestiais,
Mas sem nome aqui jamais!

Como, a tremer frio e frouxo, cada reposteiro roxo
Me incutia, urdia estranhos terrores nunca antes tais!
Mas, a mim mesmo infundindo força, eu ia repetindo:
"É uma visita pedindo entrada aqui em meus umbrais;
Uma visita tardia pede entrada em meus umbrais.
É só isto, e nada mais."

E, mais forte num instante, já nem tardo ou hesitante,
"Senhor", eu disse, "ou senhora, de certo me desculpais;
Mas eu ia adormecendo, quando viestes batendo
Tão levemente, batendo, batendo por meus umbrais,
Que mal ouvi..." E abri largos, franqueando-os, meus umbrais.
Noite, noite e nada mais.

A treva enorme fitando, fiquei perdido receando,
Dúbio e tais sonhos sonhando que os ninguém sonhou iguais.
Mas a noite era infinita, a paz profunda e maldita,
E a única palavra dita foi um nome cheio de ais -
Eu o disse, o nome dela, e o eco disse os meus ais,
Isto só e nada mais.

Para dentro então volvendo, toda a alma em mim ardendo,
Não tardou que ouvisse novo som batendo mais e mais.
"Por certo", disse eu, "aquela bulha é na minha janela.
Vamos ver o que está nela, e o que são estes sinais.
Meu coração se distraia pesquisando estes sinais.
É o vento, e nada mais."

O corvo [Alan Poe]

Once upon a midnight dreary, while I pondered, weak and weary,
Over many a quaint and curious volume of forgotten lore,
While I nodded, nearly napping, suddenly there came a tapping,
As of some one gently rapping, rapping at my chamber door.
"'Tis some visitor," I muttered, "tapping at my chamber door-
Only this, and nothing more."

Ah, distinctly I remember it was in the bleak December,
And each separate dying ember wrought its ghost upon the floor.
Eagerly I wished the morrow;- vainly I had sought to borrow
From my books surcease of sorrow- sorrow for the lost Lenore-
For the rare and radiant maiden whom the angels name Lenore-
Nameless here for evermore.


And the silken sad uncertain rustling of each purple curtain
Thrilled me- filled me with fantastic terrors never felt before;
So that now, to still the beating of my heart, I stood repeating,
"'Tis some visitor entreating entrance at my chamber door-
Some late visitor entreating entrance at my chamber door;-
This it is, and nothing more."

Presently my soul grew stronger; hesitating then no longer,
"Sir," said I, "or Madam, truly your forgiveness I implore;
But the fact is I was napping, and so gently you came rapping,
And so faintly you came tapping, tapping at my chamber door,
That I scarce was sure I heard you"- here I opened wide the door;-
Darkness there, and nothing more.


Deep into that darkness peering, long I stood there wondering, fearing,
Doubting, dreaming dreams no mortals ever dared to dream before;
But the silence was unbroken, and the stillness gave no token,
And the only word there spoken was the whispered word, "Lenore!"
This I whispered, and an echo murmured back the word, "Lenore!"-
Merely this, and nothing more.

Back into the chamber turning, all my soul within me burning,
Soon again I heard a tapping somewhat louder than before.
"Surely," said I, "surely that is something at my window lattice:
Let me see, then, what thereat is, and this mystery explore-
Let my heart be still a moment and this mystery explore;-
'Tis the wind and nothing more."

16.1.09

Novidade



YUPIIIIIIIEEEE, os meus rapazes estão de volta!
Zoot Woman - "We Won't Break"

13.1.09

Eu já


[a convite da minha amiga Rita, aqui vai]


Eu já viajei sozinha
Eu já abracei um sem-abrigo
Eu já adoptei um animal
Eu já fugi de casa
Eu já andei de barco à noite
Eu já apanhei camarões
Eu já fiz a Ria Formosa de caiaque
Eu já pisei o relvado dos dois estádios, cheios
Eu já acampei sozinha
Eu já matei uma pessoa
Eu já construi uma jangada
Eu já fui convidada para escrever um livro
Eu já entrei numa série de televisão
Eu já estive sentada do lado de fora de um 6º andar
Eu já fui nadadora de competição
Eu já li a "insustentável leveza do ser" oito vezes
Eu já conduzi sem carta
Eu já actuei no Teatro da Trindade
Eu já plantei uma árvore
Eu já fiz slide e rappel
Eu já estive de casamento marcado
Eu já bebi vinho quente
Eu já li dois livros por dia
Eu já desisti de um Mestrado
Eu já fui a melhor da turma
Eu já tive uma música feita para mim
Eu já fiz ponto-cruz
Eu já chorei num casamento
Eu já me ri num baptizado
Eu já fui a uma bruxa
Eu já andei num colégio de freiras
Eu já me confessei
Eu já menti
Eu já...

12.1.09

Gostar de alguém [eu gostei deste texto]


Esta coisa de gostar de alguém não é para todos e, por vezes – em mais casos do que se possa imaginar – existem pessoas que pura e simplesmente não conseguem gostar de ninguém. Esperem lá, não é que não queiram – querem! – mas quando gostam – e podem gostar muito – há sempre qualquer coisa que os impede. Ou porque a estrada está cortada para obras de pavimentação. Ou porque sofremos de diabetes e não podemos abusar dos açucares. Ou porque sim e não falamos mais nisto. Há muita gente que não pode comer crustáceos, verdade? E porquê? Não faço ideia, mas o médico diz que não podemos porque nascemos assim e nós, resignados, ao aproximar-se o empregado de mesa com meio quilo de gambas que faz favor, vamos dizendo: “Nem pensar, leve isso daqui que me irrita a pele”.

Ora, por vezes, o simples facto de gostarmos de alguém pode provocar-nos uma alergia semelhante. E nós, sabendo-o, mandamos para trás quando estávamos mortinhos por ir em frente. Não vamos.. E muitas das vezes, sabendo deste nosso problema, escolhemos para nós aquilo que sabemos que, invariavelmente, iremos recusar. Daí existirem aquelas pessoas que insistem em afirmar que só se apaixonam pelas pessoas erradas. Mentira. Pensar dessa forma é que é errado, porque o certo é perceber que se nós escolhemos aquela pessoa foi porque já sabíamos que não íamos a lado nenhum e que – aqui entre nós – é até um alívio não dar em nada porque ia ser uma chatice e estava-se mesmo a ver que ia dar nisto. E deu. Do mesmo modo que no final de 10 anos de relacionamento, ou cinco, ou três, há o hábito generalizado de dizermos que aquela pessoa com quem nós nos casámos já não é a mesma pessoa, quando por mais que nos custe, é igualzinha. O que mudou – e o professor Júlio Machado Vaz que se cuide – foram as expectativas que nós criamos em relação a ela. Impressionados?


Pois bem, se me permitem, vou arregaçar as mangas. O que é díficil – dizem – é saber quando gostam de nós. E, quando afirmam isto, bebo logo dois dry martinis para a tosse. Saber quando gostam de nós? Mas com mil raios, isso é o mais fácil porque quando se gosta de alguém não há desculpas nem “ ai que amanhã não dá porque tenho muito trabalho”, nem “ ai que hoje era bom mas tenho outra coisa combinada” nem “ ai que não vi a tua chamada não atendida”.

Quando se gosta de alguém – mas a sério, que é disto que falamos – não há nada mais importante do que essa outra pessoa. E sendo assim, não há sms que não se receba porque possivelmente não vimos, porque se calhar estava a passar num sítio sem rede, porque a minha amiga não me deu o recado, porque não percebi que querias estar comigo, porque recebi as flores mas pensava não serem para mim, porque não estava em casa quando tocaste.

Quando se gosta de alguém temos sempre rede, nunca falha a bateria, nunca nada nos impede de nos vermos e nem de nos encontrarmos no meio de uma multidão de gente. Quando se gosta de alguém não respondemos a uma mensagem só no final do dia, não temos acidentes de carro, nem nunca os nossos pais se sentiram mal a ponto de nos impossibilitarem o nosso encontro. Quando se gosta de alguém, ouvimos sempre o telefone, a campaínha da porta, lemos sempre a mensagem que nos deixaram no vidro embaciado do carro desse Inverno rigoroso. Quando se gosta de alguém – e estou a escrever para os que gostam - vamos para o local do acidente com a carta amigável, vamos ter com ela ao corredor do hospital ver como estão os pais, chamamos os bombeiros para abrirem a porta, mas nada, nada nos impede de estar juntos, porque nada nem ninguém é mais importante, do que nós.

Texto roubado daqui.
Obrigada Fernando Alvim

Quanto mais a idade avança, mais eu vou perdendo a esperança

Eu apadrinho esta ideia












Mais aqui

10.1.09

Switch



Stop Global Warming - Switch
Campanha da
Ogilvy Portugal para a MTV

9.1.09

Because it's Friday today

... let yourself down tonight anywhere
I'll take you out tonight anywhere
...

Com este frio, não posso vir de mini-saia













[e eu com tantas...]

Photography by Nicola Ranaldi aqui

8.1.09

As árvores e os livros

As árvores como os livros têm folhas
e margens lisas ou recortadas,
e capas (isto é copas) e capítulos
de flores e letras de oiro nas lombadas.

E são histórias de reis, histórias de fadas,
as mais fantásticas aventuras,
que se podem ler nas suas páginas,
no pecíolo, no limbo, nas nervuras.

As florestas são imensas bibliotecas,
e até há florestas especializadas,
com faias, bétulas e um letreiro
a dizer: «Floresta das zonas temperadas».

É evidente que não podes plantar
no teu quarto, plátanos ou azinheiras.
Para começar a construir uma biblioteca,
basta um vaso de sardinheiras.


Jorge de Sousa Braga











[ou a arte de dar um valente grito fechada na casa de banho.
Isso e vir trabalhar ao fim-de-semana com a mesma cabeça
que já não estava a render muito durante a semana] [Pfffffff]

7.1.09

Cansada

estou cansada. estou muito cansada. tão cansada de pensar e de escrever e de estar com a cabeça em quatro trabalhos diferentes, que já nem consigo usar maísculas, já não consigo fazer sentido, nem construir uma frase. estou muito cansada desta vida que me espreme as ideias, que me exige a constante criatividade. é exasperante. é angustiante. e o pior de tudo, é que já não me dá vida.

Esta podia ser a banda sonora deste blog



Manel Cruz
Foge foge bandido - "Borboleta
"

E esta é capaz de ser a letra mais espectacular (escrita em português) que eu já li...

"Se eu largar eu sinto a sua falta
se eu agarro ela perde a côr
ela não é dos meus dedos
é dos meus medos
e faço-me passar por uma flor
tento imaginar o que ela diz
à espera de aprender
à face da rua existe a rua
mas não é tua
à margem da estrada não há nada
mas já te agrada
tu és o teu mundo
tu és o teu fundo
tu és o teu poço
és o teu pior almoço
és a pulga na balança
és a mãe dessa criança
és o mal
és o bem
és o dia que não vem
agora pára de fazer sentido
não vês que assim estás a pisar fora da estrada
vê se agora páras de fazer sentido
não vês que nada nos dirá mais do que nos diz NADA
vê que o meu coração ainda salta
quer e julga ser capaz
não o faça por meus medos
faça nos dedos
e eu fico para ver o que ele faz
sem imaginar o que eu não fiz
à espera de viver
à face da chama existe a fama
mas não te ama
à margem do nada não há estrada
já não te agrada
tu és o teu preço
és a tua glória
tu és o teu medo
és a parte má da história
vê que o sol ainda brilha
ainda tem por onde arder
não é mau
não é bem
são razões para viver
agora pára de fazer sentido
não vês que assim estás a pisar fora da estrada
vê se agora páras de fazer sentido
não vês que nada nos dirá mais do que nos diz NADA
se eu largar eu vou sentir a sua falta
tu és tu sempre que tu és
és mesmo tu quando pensas que és outra coisa
e tu pensas que não mas tu és mesmo bom a ser sempre
quem és
daí o teu motivo ser inapagável
daí o teu desejo ser incontornável
o prazer é tão maleável
daí o seu valor ser inestimável
...
a razão de existir um poeta é..."

6.1.09

Carta ao Senhor Primeiro


É coisa rara eu escrever sobre política e esporadicamente emito opinião política. Não por apatia, mas por melindre e pela educação que me deram. Mas hoje não consigo ficar calada, mesmo correndo o risco de dizer disparates, ou de alguém importante ler isto e me ameaçar de prisão.
Apesar de ontem não ter assistido à entrevista ao nosso Primeiro no telejornal da Sic, li hoje um apanhado da mesma no jornal Público e há coisas que me revolvem no estômago. No tempo em que este mau homônimo de filósofo, ainda só era Ministro do Ambiente (de 1999 a 2002), já eu achava que ele tinha um discurso descabido e pensamentos megalómanos, embora vanguardista para a altura (é verdade), mas que pecavam por falta de realismo também. Hoje, passados quase dez anos, reitero a minha opinião e sugiro o mesmo que pensei na altura: exportem-no para os EUA. Já que é preciso aumentar as exportações e reduzir a dívida externa, pode ser que nos paguem alguma coisa de valor por ele (ou não, mas podemos tentar) e assim só se estragava um país. Que tal esta solução Senhor Primeiro?

SEM




Este espaço é delicioso.
Adoro-o.

http://oamornomeiodetudooresto.planetaclix.pt

Clicar na imagem para ler melhor.

Enfeite


Não sou pessoa de adereços, mas às vezes é preciso adornar a vida por fora, para parecer que está completa. Não sou adepta de enfeites, nem da camuflagem que muitas vezes tem mais a função de ocultar do que revelar o melhor. Mas em tempos menos simples, em tempos menos sinceros, acredito que seja preciso ter um reflexo melhor, para que ajude a encarar tudo de uma forma melhor também. Porque se os nossos olhos olharem bonito, pode ser que seja bonito que vejam.

Parked


















































By the photographer Henrik Purienne

http://www.purienne.com/

5.1.09

Hoje não


Hoje não vou ligar a televisão e emburrecer. Hoje não vou ligar a net, nem o messenger nem espreitar os e-mails. Hoje não vou jantar, nem compensar a tristeza com um chocolate ou um torrão. Hoje vou abrir um livro, beber as letras e comer as palavras. Hoje vou dormir de barriga cheia.

2.1.09

Opiniões

"Os homens são atraídos por mulheres de personalidade forte...
...mas depois não sabem o que hão-de fazer com elas."

Marla
http://crimesperfeitos.blogspot.com


"Esquecer uma mulher inteligente custa um número incalculável de mulheres estúpidas."

António Lobo Antunes

Feeling kind of kinky


Deeper, I know you want it deeper,
You know you want it deeper,
I think we're going deeper,
I know you want it
Faster, I know you want it faster,
I know you want it faster,
These days we're moving faster,
I think we're moving
Further, I know we're going further,
You know we're going further,
Yeah now we're climbing further,
And I can see it
Warmer, yeah now you're getting warmer,
Feel like you're getting closer,
Yeah now you're getting so hot,
Feel like you're burning

Surprise surprise,
You're on your own
It's in your eyes
The love's you've known
And the one's you loved,
You lost completely

Darker, outside it's getting darker,
Yeah now it's getting darker,
At last it's getting darker,
And I can see it
Louder, yeah now it's getting louder,
The noise is getting louder,
The night is getting louder,
And i can hear it
Stronger, and now you're going stronger,
Yeah now you're getting stronger,
You're finally growing stronger,
And I can feel it

Surprise surprise,
You're on your own
It's in your eyes
The love's you've known
And the one's you loved,
You lost completely

So let yourself down tonight anywhere
I'll take you out tonight anywhere
Put on that dress you like anywhere
The one with birds on it they're flying around
Now when you're short of breath go anywhere
And when your heart's in pieces anywhere
I'll take you out tonight.


D. Ermelinda é uma falsa amiga


D. Ermelinda apresentou-se como uma senhora. Simpática e suave, foi fazendo a sua conversa à roda da mesa e em menos de nada já éramos amigas de longa data. Estávamos já muito íntimas, e a conversa de boca de copo soltava-se com maior facilidade. Soltavam-se também as mãos, os risos e os dispatares. D. Ermelinda datava de 2006 e acompanhou-me de 2008 para 2009, uma amiga a reconsiderar para o novo ano, pensava eu. Muito divertida esta Dona, muito espirituosa, muito cheia de piadas e trocadilhos, que ao abusar começa a revelar o seu lado mais sopeiro e desinteressante. Mas a D. Ermelinda não foi amiga. Foi uma falsa e às tantas da noite deu-lhe para se revoltar e começou a ofender o meu organismo, resultando numa acesa discussão, que terminou mal para o meu lado. Quando se dá muita confiança a desconhecidas com 13,5% de álcool, correm-se riscos e
o lado mais fraco acaba sempre por perder.
Cuidado com a D. Ermelinda. É isto que vos digo... cuidado.