14.1.08

Os velhos do BA














Vendem animais de papel com línguas de fora, tiram fotografias a grupos e casais, vendem a solidão por um punhado de tostões e a próxima refeição por um copo de vinho. São os velhos que sobreviveram à prisão das vozes, à escassez de alternativas, à luta dos direitos. São os nossos antepassados
com as memórias perdidas na rua. Os nossos lutadores abandonados de vida. Vagueiam sem forças pelos bairros antigos de Lisboa, e quando a cidade se enche de dia, tornam-se baços. Vagueiam de cobertor e sacos de plástico à procura de qualquer espaço onde se possam arrumar. São os nossos tapa-buracos e a quem desviamos a cara com o embaraço.
Até para os animais de rua olhamos com mais atenção.

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