17.2.09

No sítio onde eu trabalho


No sítio onde eu trabalho estamos afastados do mundo. Um prédio gigante em altura, rodeado de pouco mais de nada, onde não se passa nada, onde não há absolutamente nada. O máximo de agitação que por aqui se passa, são os regulares automóveis com casais que vão para debaixo de um túnel abandonado testar os amortecedores do veículo.
Trabalho numa sala enorme. Um open space com janelas à roda de 3 paredes. Contei-as e tudo, são 11 enormes janelas, que deixam entrar toda a luz ao nosso redor e todo o oxigénio das árvores do Parque de Monsanto. Mas estou fechada entre estas paredes, que se tornam espessas, de cada vez que se puxam os estores até baixo, com um ar condicionado pastelão e quente que me sufoca e luzes fluorescentes que me dão um ar deslavado. Dizem que assim é que é se está bem, porque é a evolução. Dizem que assim é melhor do que quando estávamos numa vivenda antiga, cheia de particularidades, e pequenas falhas, é verdade, mas com janelas de madeira que se abriam de par em par, com sol de tarde, um jardim cheio de espécies só para nós e dois amistosos esquilos por companhia. Até o estacionamento era mais simpático, feito milimetricamente entre os troncos de pinheiros altíssimos, que nos fazia sentir como pequenos malabaristas. Eu gostava desses tempos. Tempos em que nos parecíamos mais com uma família e menos com uma empresa.

7 comentários:

Anónimo disse...

Conheci os dois espaços. O antigo só por uma hora e qualquer coisa, o tempo de uma entrevista, mas esse pouco tempo bastou para que concorde contigo... o outro espaço tinha mais alma.

Rita disse...

deixa-me dizer-te que às vezes essa familiaridade também tem pontos muito negativos, porque as pessoas confundem tudo e acham que podem pedir sem limites sem sentirem a obrigação de dar nada em troca...enfim nunca estamos satisfeitos.

T disse...

Stories, eu sei que tu percebes! É uma questão de sensibilidade.


Minha amiga Rita, tienes muita muita muita razão. Mas referia-me mais à parte do espírito de equipa e entre-ajuda, sem os joguinhos e o diz-que-disse e cortes nas costas... era a isso que me referia mesmo.

(o nosso antigo espaço faz muito lembrar aquele onde estás agora.)

Anónimo disse...

Tambem tenho saudades daquela vivenda e tambem daquela varanda que tantas vezes servia de cabine telefonica. tenho saudades sim... e muitas dessa altura. lembro me de ao ter entrado la pela primeira vez sentir que era ali que queria trabalhar sempre. senti que era certo. Depois... depois tudo muda por uma razão ou por outra. O sitio mudou, as pessoas ficaram mas houve alguma coisa que se esqueceu de trazer na correria das mudanças. Concerteza que ficou alguma coisa esquecida por la e que era muito importante... era a alma como C diz. Beijinhos nostalgicos e saudosos

T disse...

Ori, já percebi, pelo que me têm contado, que quando se está aqui nãos e está completamente bem, mas quando se sai... sente-se a falta!

Vanita disse...

Como te entendo. Estas coisas plásticas e assépticas perdem toda a alma. Sem falar nos maluquinhos do ar condicionado que fazem o resto do serviço. Beijo ;)

Anónimo disse...

Humm... até me senti bem de imaginar essa vivenda. :)