Tem um sorriso invertido vincado na cara. Nem sabe bem o porquê, para além das razões óbvias, de se sentir assim tão distante e reflexiva. Essa expressão tardava a desaparecer, durava há tempo de mais num rosto tão jovem. Eram quase onze da noite e estava a fazer o seu jantar, a sua refeição individual, a terceira do dia mal alimentado, e questionava-se se iria ser assim por muito mais tempo. Refeições a horas disparatadas, sozinha. Sempre sozinha. Quanto mais pensava mais o seu sorriso invertido se vincava num rosto bonito que perdia a juventude de dia para dia.
A idade efectivamente já começava a ameaçá-la de um futuro sem partilha. Nunca precisara muito dos outros, mesmo quando precisava evitava-o a todo o custo. Não gostava da sensação de perda de controlo e poder sobre si, ao ponto de ter de confiar-se a outros. Mesmo quando precisava de ajuda raramente pedia. Dava-se a entender. E para os bons entendedores, meio sinal bastava.
2 comentários:
isto que eu vou dizer vai ser muito "lame", mas almas gémeas... Ou então, realidades paralelas que agora encontraram um ponto em comum e fizeram com que nos "conhecessemos"...
Nem todos são tão perspicazes como nós e, por vezes, esse meio sinal não basta....
como te entendo...
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