Lá dentro
muito dentro de ti mesmo
- nem sabes -
há muitos, muitos homens,
tantos,
talvez os homens todos,
num espaço emq eu não cabes,
ao abandono, a esmo,
amarrados, mudos,
como lobos,
ou parados, castos,
como santos,
espreitando os dias
que hão-de vir,
farejando os rastos,
disfarçando enganos,
à espera de subir...
E numa hora certa,
quando o contexto, a sorte,
a ocasião, a dor,
algum deles desperta,
hás-de sentir
rasgar o ódio
ou desenhar o amor,
e verás afinal,
que ser desconhecido,
existe em ti escondido,
atrás do baço, incolor,
homem formal,
adormecido.
[poema escrito numa folha de papel, guardada num livro há 17 anos... confesso que não me lembro da autoria, por mais óbvia que possa ser. Agradeço que me digam se souberem.]
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