14.6.10

Das amizades


Dizem que os amigos é a família que se escolhe. Dizem, que a amizade tem de ser estimada e cuidada para poder evoluir e florir, como qualquer outra relação. Dizem que os amores vão e vêm mas as amizades ficam sempre. Mas há amizades que não. Há amizades que também vão. Há pedaços de nós que morrem, que doem. Há pedaços de nós que tomávamos por certos, por fazerem tão parte de nós, que nunca nos iriam faltar. Mas como qualquer orgão do corpo que não é cuidado, que é deixado à sua conta, que não tem estima, acaba por desfalecer e abandonar o próprio corpo que o aloja. Hoje sinto que me arrancaram do corpo um orgão essencial. Não consigo explicar uma dor destas de outra forma. Sinto que sou hoje uma pessoa um bocadinho pior do que era ontem. E isso dá-me vontade de arrancar de mim o resto dos orgãos e ficar de fora a ver-me morrer.

2 comentários:

Luísa Santos disse...

Há poucas coisas que são para sempre. Por isso, acredito, podemos e devemos olhar para tudo o que temos e não tomar como certo, como para sempre. Porque o 'para sempre' é volátil. Tal como nós. Não faz mal não ser para sempre desde que, seja pelo tempo que fôr, seja uma amizade sincera, desinteressada em quaisquer coisas que não sejam o bem do outro. Por isso, se o teu amigo ou amiga não morreram (sem ser metaforicamente) tens duas hipóteses (digo eu): mudar, evoluir e aceitar que as pessoas mudam e as amizades também, algumas deixam de fazer sentido. Ou, falar com o teu amigo ou amiga e tentar perceber se é possível uma amizade noutros termos. Porque afinal, todos mudamos.
e agora? carrego no enter?
são só opiniões...
bjs.

T disse...

O meu "para sempre" vem de certezas que o passado e o presente me dão para poder achar isso do futuro. De acreditar que assim será, não de tomar por garantido. De querer que assim seja. Mas o tempo e o "confortável" que deixamos que se instale é como um cancro que corroí devagar, sem se ver, e depois um dia, quando doí, vamos ver, e pode ser tarde demais.