11.11.10

Do trabalho



Estou no processo de digestão da minha não viagem a Londres. Uma viagem que demorei a decidir fazer, que quando decidi comprei bilhete com um tempo de dois meses ainda de espera, mas que ansiei a cada dia que passou. E foram passando e aproximando e eu sem saber se sempre ia ou não. Estou profundamente arrependida e a tentar lidar com a minha decisão de ter cancelado uma viagem que tanto desejava, que tanto precisava, por causa de trabalho. Para já não falar do dinheiro que perdi. E isto leva-me a pensar em todo os jantares que faltei, às saídas de amigas que não consegui ir, aos cinemas desmarcados, aos cafés no Chiado eternamente adiados, aos concertos falhados, às férias adiadas, aos fins-de-semana estragados. Isto leva-me a pensar na quantidade de vida que deixei por viver para estar a trabalhar, para garantir o meu, sim, mas para dar a outros a enriquecer, com pedaços da minha vida a perder. E para quê? Para ter sido irrelevante no momento de libertar peso no barco, ser a primeira a ir borda fora. Para quê? Para não ter tido nenhum tipo de consideração. E como a vida me ensina, e ensina bem, as histórias tendem a repetir-se, a não ser que nós façamos alguma coisa de diferente. E eu aprendi que não vivo para trabalhar, mas trabalho para viver e é essa a minha prioridade. Por isso vou dar a volta à minha vida, se ainda quiser ter alguma. Ah, e o nariz tende a crescer com a idade. Quanto mais depressa vivermos mais depressa ele vai começar a ficar maior.

5 comentários:

Poetic Girl disse...

Infelizmente só assim aprendemos, o trabalho faz-nos falta sim, mas o resto também! beijocas e espero que consigas encontrar o equilibirio!

puPupiTu disse...

ui! ui!
que verdades tão bem (d)escritas... sinto muitas vezes isso tudo.
beijo

Filipe Melo disse...

O meu pai uma vez partilhou uma pérola que não esqueço e partilho consigo: "no leito da morte não há quem sinta que devia ter passado mais tempo a trabalhar".
Espero que se encontre bem (ou a caminho de um equilíbrio, como referiu a Poetic GIRL) e continue a escrever.

Madame Pirulitos disse...

Já cá não vinha há algum tempo. E agora custou-me ler isto porque também me revi. Eu faço estas perguntas a mim própria n e n vezes. A vida é tudo menos justa.

beijo

T disse...

Eu não quero parecer injusta... afinal passei grande parte do ano de 2010 a lamuriar-me porque não tinha trabalho. E a falta que em faz, porque eu gosto mesmo de trabalhar. Mesmo. Mas, também foi uma mudança tão radical... que agora o ajuste está a ser complicado. Passei de ter 24 horas livres para mim, para ter só 9. MAs tudo irá entrar nos eixos. É só uma questão de tempo.

E a propósito, hoje é domingo e onde é que eu estou desde as 10 da manhã? No trabalho...