29.9.11
Os caminhos desapareceram da alma humana
Caminho: faixa de
terra sobre a qual se anda a pé. A estrada distingue-se do caminho não
só por ser percorrida de automóvel, mas também por ser uma simples linha
ligando um ponto a outro. A estrada não tem em si própria qualquer
sentido; só têm sentido os dois pontos que ela liga. O caminho é uma
homenagem ao espaço. Cada trecho do caminho é em si próprio dotado de um
sentido e convida-nos a uma pausa. A estrada é uma desvalorização
triunfal do espaço, que hoje não passa de um entrave aos movimentos do
homem, de uma perda de tempo.
Antes ainda de desaparecerem da paisagem, os caminhos desapareceram da alma humana: o homem já não sente o desejo de caminhar e de extrair disso um prazer. E também a sua vida ele já não vê como um caminho, mas como uma estrada: como uma linha conduzindo de uma etapa à seguinte, do posto de capitão ao posto de general, do estatuto de esposa ao estatuto de viúva. O tempo de viver reduziu-se a um simples obstáculo que é preciso ultrapassar a uma velocidade sempre crescente.
Antes ainda de desaparecerem da paisagem, os caminhos desapareceram da alma humana: o homem já não sente o desejo de caminhar e de extrair disso um prazer. E também a sua vida ele já não vê como um caminho, mas como uma estrada: como uma linha conduzindo de uma etapa à seguinte, do posto de capitão ao posto de general, do estatuto de esposa ao estatuto de viúva. O tempo de viver reduziu-se a um simples obstáculo que é preciso ultrapassar a uma velocidade sempre crescente.
[Milan Kundera, in "A Imortalidade"]
Foto daqui
28.9.11
26.9.11
23.9.11
Como é que o João Tordo me passou ao lado durante tanto tempo!?!
Hein? !Ando a dormir...
Após ver uma entrevista dele na RTP Memória, vou já ali comprar um livro dele, apesar de serem duas da manhã.[E com este post completei os 1000 post. Assim, sem dar por ela.]
22.9.11
Eu não sou uma pessoa púdica, mas acho que o facebook está a abusar
Ao menos dá-nos liberdade de escolha.
Mas desconfio que os senhores que gerem o Sexbook não vão achar muita piada.
21.9.11
20.9.11
Duas de seguida
Now and then I think of when we were together
Like when you said you felt so happy you could die
Told myself that you were right for me
But felt so lonely in your company
But that was love and it's an ache I still remember
You can get addicted to a certain kind of sadness
Like resignation to the end
Always the end
So when we found that we could not make sense
Well you said that we would still be friends
But I'll admit that I was glad that it was over
But you didn't have to cut me off
Make out like it never happened
And that we were nothing
And I don't even need your love
But you treat me like a stranger
And that feels so rough
You didn't have to stoop so low
Have your friends collect your records
And then change your number
I guess that I don't need that though
Now you're just somebody that I used to know
Now and then I think of all the times you screwed me over
But had me believing it was always something that I'd done
And I don't wanna live that way
Reading into every word you say
You said that you could let it go
And I wouldn't catch you hung up on somebody that you used to know...
But you didn't have to cut me off
Make out like it never happened
And that we were nothing
And I don't even need your love
But you treat me like a stranger
And that feels so rough
You didn't have to stoop so low
Have your friends collect your records
And then change your number
I guess that I don't need that though
Now you're just somebody that I used to know
I used to know
That I used to know
Somebody...
Like when you said you felt so happy you could die
Told myself that you were right for me
But felt so lonely in your company
But that was love and it's an ache I still remember
You can get addicted to a certain kind of sadness
Like resignation to the end
Always the end
So when we found that we could not make sense
Well you said that we would still be friends
But I'll admit that I was glad that it was over
But you didn't have to cut me off
Make out like it never happened
And that we were nothing
And I don't even need your love
But you treat me like a stranger
And that feels so rough
You didn't have to stoop so low
Have your friends collect your records
And then change your number
I guess that I don't need that though
Now you're just somebody that I used to know
Now and then I think of all the times you screwed me over
But had me believing it was always something that I'd done
And I don't wanna live that way
Reading into every word you say
You said that you could let it go
And I wouldn't catch you hung up on somebody that you used to know...
But you didn't have to cut me off
Make out like it never happened
And that we were nothing
And I don't even need your love
But you treat me like a stranger
And that feels so rough
You didn't have to stoop so low
Have your friends collect your records
And then change your number
I guess that I don't need that though
Now you're just somebody that I used to know
I used to know
That I used to know
Somebody...
19.9.11
Da ambiguidade
Se caio é porque te prendo,
Se me solto,
deixo-me ver, mas não satisfaz.
Quando é que começou a ser de menos
e quando é que demais nunca chegou?
Passeio pelos corredores do passado,
procuro pistas, vejo alvos e balas.
Há demasiado cansaço, isso sim.
Vejo olhos mal dormidos, raiados, sem sol,
obscuros no redemoinho da ambiguidade.
Vejo querer, dever e apetecer
mas não vejo capaz.
Será que mais nunca chega
ou chegaria, um dia, a ser demais?
Metamorfose
Lá dentro,
muito dentro de ti mesmo,
- nem sabes -
há muitos, muitos homens,
tantos,
talvez os homens todos,
num espaço em que não cabes,
ao abandono, a esmo
amarrados, mudos,
como lobos,
ou parados, castos
como santos,
espreitando os dias que hão-de vir,
farejando os rastos,
disfarçando enganos,
à espera de subir...
E numa hora certa,
quando o contexto, a sorte,
a ocasião, a dor
algum deles desperta,
hás-de sentir rasgar o ódio
ou desenhar o amor,
e verás afinal,
que ser desconhecido,
existe em ti escondido,
atrás do baço, incolor,
homem formal,
adormecido.
[Tenho este poema comigo desde os 15 anos, escrito a computador e impresso numa folha daquelas de rolo, quando as impressoras ainda faziam um barulho de acordar o prédio todo. Sei que o usei para um trabalho do liceu e lembro-me perfeitamente da imagem que escolhi para o acompanhar. Guardo esse poema dentro do mesmo livro, que guardo desde os 15 anos. Nunca soube quem o escreveu. Não o identifiquei na altura, provavelmente porque não o sabia, mas adorei-o. Continuo a adorar este poema e de vez em quando lembro-me dele. Hoje lembrei-me. E lá estava ele, dobrado, dentro do mesmo livro, à minha espera.]
18.9.11
O primeiro dia do resto da minha vida
Há primeiros dias e há primeiros dias. Amanhã é "um" primeiro dia absolutamente diferente de todos os outros. Porque é repetido, mas é diferente. Porque já aconteceu, mas não é o mesmo. Amanhã começa um ciclo novo, longo e de futuro. Um investimento para os próximos 33 anos da minha vida. Porque às vezes é preciso experimentar, deixarmo-nos guiar e ouvir. Porque às vezes a resposta está em nós e nós não a vemos. Por isso, amanhã vamos ver se é desta!
16.9.11
Paixão, Pedro
[Foto daqui]
"Já não sinto a tua falta. Choro só o luto de te ter perdido. Por isso não são saudades: é só a dor do vazio, o sentimento do fracasso. Não há lágrimas que me inundem a cara, nem tristeza que me aproxime dos abismos. Antes um sentimento de perda constante. Como se estivesses a afastar-te de mim, e eu só me pudesse lembrar de ti assim distante. Dois passos para a frente, três para trás. Dois em rodopio e depois nada." in A rapariga errada
15.9.11
Está a custar-me...
deixar este espaço, ainda para mais agora que lhe fiz um lifting.
Estou a 13 posts dos 900 publicados (em rascunhos são mais de 200).
E a dois meses de completar os 5 anos de existência.
Por isso, vou continuar com ele, e desdobrar-me em duas.
O outro blog já está criado.
Faltam só uns pormenores, para vos poder informar.
Obrigada a todos os que enviaram o contacto para me seguirem no outro lado.A insustentável leveza do ser
É natural que quem quer "elevar-se" sempre mais, um dia, acabe por ter vertigens. O que são vertigens? Medo de cair? Mas então porque é que temos vertigens num miradouro protegido com um parapeito? As vertigens não são o medo de cair. É a voz do vazio por debaixo de nós que nos enfeitiça e atrai, o desejo de cair do qual, logo a seguir, nos protegemos com pavor. (...)
[Milan Kundera]
14.9.11
Feliz
Não se acostume com o que não o faz feliz, revolte-se quando julgar necessário.
Alague seu coração de esperanças, mas não deixe que ele se afogue nelas.
Se achar que precisa voltar, volte!
Se perceber que precisa seguir, siga!
Se estiver tudo errado, comece novamente.
Se estiver tudo certo, continue.
Se sentir saudades, mate-a.
Se perder um amor, não se perca!
Se o achar, segure-o!
Alague seu coração de esperanças, mas não deixe que ele se afogue nelas.
Se achar que precisa voltar, volte!
Se perceber que precisa seguir, siga!
Se estiver tudo errado, comece novamente.
Se estiver tudo certo, continue.
Se sentir saudades, mate-a.
Se perder um amor, não se perca!
Se o achar, segure-o!
[Fernando Pessoa]
(especial obrigada à minha Amiga, à conta de quem ando a encher de posts este blog.)
O que foi
Eu amo tudo o que foi
Tudo o que já não é
A dor que já não me dói
A antiga e erronea fé
O ontem que a dor deixou
O que deixou alegria
Só porque foi, e voou
E hoje é já outro dia.
Tudo o que já não é
A dor que já não me dói
A antiga e erronea fé
O ontem que a dor deixou
O que deixou alegria
Só porque foi, e voou
E hoje é já outro dia.
[Fernando Pessoa]
(especial obrigada à minha Amiga, à conta de quem ando a encher de posts este blog.)
12.9.11
10.9.11
Várias histórias.
O mesmo tema.
Um dos sítios que mais gosto de visitar.
Há muito tempo.
o amor no meio de tudo o resto
6.9.11
Estou a tratar das mudanças... estou a tratar das mudanças!
Estão a demorar mais do que o previsto, mas a fazer.
Será todo o mundo avisado, hein!? E já sabem...
Será todo o mundo avisado, hein!? E já sabem...
O FIM É SEMPRE O PRINCÍPIO DE OUTRA COISA QUALQUER!
Até lá!
Até lá!
Foto daqui
Poema de Rumi
“Este ser humano é uma casa de hóspedes.
Todas as manhãs, uma nova chegada.
A alegria, a depressão, a ausência de sentido,
alguma consciência momentânea, chega
como visitante inesperado.
Dê-lhes as boas vindas e entretenha-os a todos!
Mesmo que sejam uma multidão de dores
que violentamente arrasam a sua casa,
despejam a sua mobília,
ainda assim, trate cada hóspede honradamente.
Ele poderá estar a prepará-lo
para um novo prazer.
Os pensamentos escuros, a vergonha, a malícia,
encontre-se com eles à porta, rindo,
e convide-os a entrar.
Esteja grato a quem quer que venha,
porque cada um, foi enviado
como um guia do além.”
[poeta, filósofo, jurista e teólogo Persa, do séc.XIII,
intitulado: “A Casa de Hóspedes”]
1.9.11
Escritos pelo "O Arrumadinho"
Textos retirados do blog http://oarrumadinho.blogspot.com
Pais e Mães Solteiros
Lembro-me de há uns anos ter tido uma discussão violenta com uma pessoa que me disse que o facto de eu ter um filho representava "uma limitação". E apesar de, racionalmente, eu perceber o sentido da palavra "limitação", e de até entender que para uma mulher solteira e sem filhos será mais confortável envolver-se com um homem sem filhos, custou-me muito ouvir aquilo. E quem pensa assim poderá estar a querer evitar um problema para mergulhar num ainda maior.
Nos dia de hoje parece-me demasiado preconceituoso e até estúpido pensar-se que os pais (ou mães, claro) divorciados são "fontes de problemas", e que os filhos que eles trazem de outros relacionamentos representam "uma limitação". Mas será preferível encontrar uma pessoa que não tem essa limitação, mas que depois é viciado em álcool? É preferível encontrar uma pessoa que não tem essa limitação, mas depois trabalha 15 horas por dia, e passa os fins-de-semana a trabalhar no computador de casa? É preferível encontrar uma pessoa que não tem essa limitação, mas depois odeia viajar, não gosta de livros e passa o dia em casa deitado no sofá a vegetar? É preferível encontrar uma pessoa que não tenha essa limitação, mas que se revela um ser completamente acéfalo e desinteressante?
Todos temos limitações, umas maiores do que outras, umas mais graves do que outras, mas claro que para se vencerem essas limitações é preciso esforço e empenho. Conquistar uma criança, o seu afecto, o seu amor, parece-me uma tarefa bem mais interessante do que afastar um homem do álcool, da droga, ou lutar contra a profissão dele, para que a relação não esteja sempre em terceiro ou quarto plano (atrás do trabalho, dos amigos, da família, etc.).
Claro que há gente que pode não ir à bola com criancinhas, mas lá está, ultrapassar potenciais problemas dá trabalho, obriga a alguns sacrifícios, mas as relações fazem-se, também, de momentos altruístas, em que se calhar não estamos a fazer o que mais nos apetecia na altura, mas estamos a "trabalhar" para a felicidade comum. Para um padrasto ou uma madrasta, ir à Kidzania com o enteado pode ser a coisa mais entediante do mundo, mas também pode ser um momento em que nos entregamos a ele e participamos, com ele, num momento de felicidade, o que só irá fazer com que ele goste mais daquela pessoa nova que entrou na vida dele.
Claro que depois há o outro lado, que não depende da criança, que é a relação do nosso companheiro ou companheira com a ex ou o ex. É óbvio que vai ter de haver esse contacto durante muitos anos, mas parece-me que quando os casais estão separados todas as conversas, todos os contactos, todos os assuntos andam à volta do mesmo: a criança. Há gente mais intrometida, há casos de paranóia, mas na maior parte dos casos o tempo resolve isso.
Acredito, sobretudo, que quando se ama não se deve desistir de alguém só porque essa pessoa tem um filho de outra relação. Conquistar a criança pode ser um desafio fascinante, que terá como retribuição amor. E isso não tem preço.
Por outro lado, hoje em dia, quando o número de divórcios cresce todos os anos, quando parece que todos temos cada vez menos paciência para fazer funcionar os casamentos, o que mais começa a haver é pais e mães solteiros. E a pessoa que hoje recusa um homem porque ele tem um filho pode bem ser, amanhã, a discriminada. Pensem nisso.
É tão difícil encontrar gente boa, interessante. Se vamos limitar o universo, excluindo os que já têm filhos, arriscamo-nos a acabar com um traste. Mas ao menos vem sem "mochila". Que bom.
Os filhos mudam tudo
Os filhos mudam tudo.
Deve ser uma das frases que mais oiço a pais vividos, quando em conversa com os pretendentes a papás.
E na verdade os filhos mudam tudo.
Há quatro dias, uma das minhas melhores amigas foi mãe.
Há três dias, um dos meus melhores amigos, que foi pai há uns meses, separou-se.
A ela tive de dizer que os filhos mudam tudo, e alertei-a para muitos perigos de quem já passou pelo nascimento de um filho; a ele tive de dizer que os filhos mudam tudo, e tranquilizá-lo quanto ao futuro, porque também já passei por tudo o que ele está a passar.
Hoje, acho que os filhos mudam tudo, mas tenho a certeza de que é fácil ser-se feliz com a nova realidade que nos bate à porta de um dia para o outro, e que nos rouba muitos momentos fantásticos a dois, substituindo-os por outros que podem ser ainda melhores, mas a três. E o mais importante de tudo é mesmo ter a noção do que se vai encontrar, perceber o que vai mudar, ter consciência do trabalho e das privações que vamos ter pela frente, e estar preparado para todo esse mundo novo.
A maior parte dos casais que se separam após o nascimento de uma criança não sabem lidar com esse mundo novo. Não o dominam – deixam-se dominar; não o enfrentam – anulam-se; não percebem que a vida deles não acabou – está apenas a começar num novo formato.
Os medos delas
Homens e mulheres têm posturas diferentes relativamente à questão da gravidez/nascimento da criança. Já assisti a imensas discussões sobre este assunto e quase todos batem nas mesmas teclas.
Elas sentem-se mal com o corpo, porque engordaram como nunca e têm borbulhas, e tornozelos agigantados. Sentem-se mal de saúde, porque estão muitas vezes enjoadas, e inchadas e com dores de costas. Sentem-se com a auto-estima em baixo, porque se acham feias e desinteressantes. Sentem-se amedrontadas, porque têm medo de falhar, têm medo do desconhecido, têm medo de não corresponder ao que lhes é exigido, têm medo de não saber tratar de um bebé. Sentem-se inseguras, porque acham que os parceiros já não as acham sexy e vão querer saltar para cima da colega de trabalho. Sentem-se perdidas, porque já não estão a trabalhar, mas também ainda não têm assim tanta coisa para tratar relativamente ao nascimento da criança. Sentem-se receosas, porque fazem contas à vida e começam a perceber as despesas todas que vão ter. Sentem-se pressionadas, porque os pais e os amigos estão sempre a dar palpites sobre o que elas devem fazer e não fazer.
Na verdade, tudo isto gera, muitas vezes, depressões pré ou pós-parto. Há casos, até, de depressões pré e pós parto, que podem durar por um período indeterminado. Mas como qualquer doença, também isto se cura. O problema maior é mesmo que o doente reconheça que está doente, e esteja disposto a tratar-se, o que nem sempre acontece.
Grande parte dos conflitos entre os casais que têm ou vão ter o primeiro filho advém de algumas destas fragilidades e mutações por que o casal passa.
O papel deles
Ao homem cabe o papel de tentar, de alguma forma, tranquilizar a mulher, ajudar em tudo o que lhe for possível, não deixar que ela entre em pânico, continuar a dar-lhe provas de amor e, também ele, começar a preparar-se para a tal nova realidade que aí vem e que lhe irá, seguramente, alterar rotinas, prioridades, sonos, programas.
O papel deles
Ao homem cabe o papel de tentar, de alguma forma, tranquilizar a mulher, ajudar em tudo o que lhe for possível, não deixar que ela entre em pânico, continuar a dar-lhe provas de amor e, também ele, começar a preparar-se para a tal nova realidade que aí vem e que lhe irá, seguramente, alterar rotinas, prioridades, sonos, programas.
Sinceramente, acho que só é possível superar todas as dificuldades relativas ao nascimento de uma criança se a relação entre o casal for muito forte, cúmplice e assente em amor, amizade e companheirismo. Se uma qualquer destas coisas começa a faltar, o mais provável é a torre vir abaixo. Se o amor já é fraco, ou ainda não é suficientemente forte, a vontade de parte a parte em superar tudo e muito menor. Se não há companheirismo, perde-se o respeito, e sem respeito vai-se o amor, e sem amor vai-se tudo.
Este é um jogo de equilíbrios delicado que assusta um bocadinho, mas que todos devem estar cientes de que existe. Mas se decidimos que vamos a jogo temos, os dois, de conhecer as regras.
Os pais que se anulam
Outro dos maiores problemas após o nascimento da criança tem a ver com o facto de muitos pais deixarem-se anular por completo. Deixam de fazer tudo, mas mesmo tudo, por causa da criança. Não há cinemas, não há férias, não há jantares de amigos, não há saídas a dois, porque primeiro está o bebé. Naturalmente que quem nunca teve um filho fica assustado com essa tal realidade nova, não sabe o que fazer, mas por isso disse antes que é preciso conhecer as regras de jogo, e as regras de jogo dizem que é preciso ter bom senso, é preciso ser adulto, é preciso perceber que sem momentos de felicidade a dois (ou até sozinhos - porque também precisamos de tempo para nós, homens e mulheres) jamais haverá momentos de felicidade a três, porque a união quebra-se, porque ninguém é feliz, porque deixou de haver um amor entre três pessoas, e passou apenas a haver uma mãe que ama um filho, um pai que ama um filho, e não há um pai que ama uma mãe, apenas um homem e uma mulher que tratam de uma criança.
O sexo
Pode parece estúpido ou até uma falta de sensibilidade falar de sexo nesta altura, mas a sexualidade também desempenha um papel fundamental nesta fase da vida de um casal que vai ter ou teve recentemente um filho (“lá estão os homens a pensar no sexo, e sempre a pôr o sexo à frente de tudo”, vão pensar algumas leitoras). Quando falo de sexualidade falo sobretudo de intimidade. A baixa auto-estima das mulheres leva a que muitas vezes se afastem dos companheiros, que recusem todos os contactos ou aproximações mais íntimas. As hormonas também têm aqui um papel importante, é evidente, e os níveis de desejo podem baixar significativamente. Mas uma coisa é não ter desejo, outra é afastar-se sexualmente do companheiro durante três, seis, nove meses, ou por vezes durante mais tempo. Não chega dizerem-nos “Olha, amanha-te, porque agora tive um filho teu e não me apetece”. Da mesma forma que os homens têm de perceber que nesse capítulo as coisas são diferentes, as mulheres devem entender que não podem, pura e simplesmente, deixar de existir enquanto mulheres e passarem a ser exclusivamente mães. Muitos amigos meus queixam-se disso mesmo: “Agora já não tenho mulher, tenho uma mamã lá em casa”. E isso é outro dos factores que levam ao afastamento entre os casais. O sexo é uma forma de aproximação entre os casais em qualquer altura, é um momento de intimidade e amor. E quando isso se vai, lá está, tudo o resto pode ruir.
Um filho muda tudo.
Mas pode ser a melhor coisa do mundo para um casal.
É só ser crescidinho, ter bom senso e muito amor para dar. Ao filho e ao parceiro ou à parceira.
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